Rastilho de pólvora – Os Estados Unidos confirmaram no domingo (12) o primeiro caso de transmissão de ebola em território americano. Dois testes feitos com uma profissional de saúde que tratou em Dallas um paciente vindo da Libéria deram positivo para a doença. A informação foi divulgada pelo Departamento de Serviços Médicos do Texas.
Inicialmente, agentes federais anunciaram que um teste preliminar havia dado positivo, mas que apenas um segundo exame poderia dar a certeza do diagnóstico. A confirmação veio horas depois.
Segundo o diretor do Centro americano para Controle de Doenças, Thomas Frieden, apesar de a mulher ter usado equipamento de proteção durante atendimento do paciente, uma clara quebra no protocolo de segurança no hospital Texas Health Presbyterian teria sido responsável pela transmissão.
“Não sabemos o que ocorreu no cuidado com o paciente em Dallas. Mas em algum momento houve uma quebra no protocolo e essa quebra foi responsável pela infecção”, declarou Frieden. A suspeita é que o contágio tenha ocorrido durante a intubação ou hemodiálise do paciente que estava internado.
O diretor acrescentou que outros funcionários do hospital também podem ter sido infectados pelo vírus do ebola. Eles já foram identificados. As autoridades de saúde também afirmaram que, com base no potencial de exposição, as pessoas que tiveram contato com a doente após os primeiros sintomas serão monitoradas.
De acordo com autoridades, a funcionária apresentou febre alta na noite de sexta-feira e logo foi isolada com suspeita de ebola.
“Sabíamos que um segundo caso poderia ser realidade e estávamos nos preparando para essa possibilidade. Estamos ampliando nossa equipe em Dallas e trabalhando com extrema diligência para prevenir a propagação da doença”, afirmou David Lakey, comissário do Departamento de Serviços Médicos do Texas.
Primeiro caso no país
O primeiro paciente diagnosticado com ebola nos Estados Unidos, Thomas Eric Duncan, de 42 anos, morreu no dia 8 de outubro no mesmo hospital em Dallas. Duncan chegou aos EUA vindo da Libéria no final de setembro para participar da formatura de colégio de seu filho, que mora nos Estados Unidos com a mãe.
Ele não apresentava os sintomas de ebola quando desembarcou em território americano. Seus vizinhos na Libéria acreditam que ele pegou a doença quando ajudou uma grávida que morreu de ebola. Não se sabe se Duncan já tinha conhecimento do diagnóstico dela antes de embarcar para os EUA. Nove dias depois de chegar ao país, ele foi hospitalizado e diagnosticado com o vírus.
No último sábado (11), autoridades norte-americanas intensificaram as medidas para impedir a propagação do vírus no país, por meio de controles que já estão sendo feitos no aeroporto JFK, em Nova York. Termômetros infravermelhos, que não precisam de contato direto com a pele da pessoa, estão sendo usados para medir a temperatura de viajantes vindos da Libéria, Guiné e Serra Leoa – os três países atingidos pela epidemia.
A medida será estendida também para os aeroportos Chicago O’Hare, Washington Dulles, Atlanta Hartsfield-Jackson e Newark Liberty (Nova Jersey) nas próximas semanas.
Transmissão na Europa
O primeiro caso de transmissão de ebola fora da África foi registrado na Espanha. A enfermeira Teresa Romero foi infectada pelo vírus no final de setembro em Madri, no hospital onde trabalhava cuidando de um missionário espanhol trazido da África para o tratamento da doença. O missionário não resistiu e morreu.
Segundo uma fonte do hospital onde a enfermeira está internada ouvida pela agência de notícias AFP, o estado de saúde dela melhorou durante a noite. “Ela está consciente e conversa às vezes quando está de bom humor”, disse a fonte.
Outras quinze pessoas com quem Romero teve contato estão em observação no hospital. Entre elas estão seu marido e colegas de trabalho. A clínica informou que nenhuma delas apresentou sintomas da doença.
Essa é a pior epidemia de ebola da história. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 4 mil pessoas já morreram da doença no atual surto do vírus na África ocidental. Os países mais atingidos pela epidemia são Libéria, Serra Leoa e Guiné.
A ONU informou na sexta-feira que apenas 25% dos 1 bilhão de dólares necessários para conter o surto do vírus na África ocidental foi arrecadado até o momento. Além disso, também é necessário aumentar a quantidade de profissionais de saúde treinados para frear a epidemia. (Com agências internacionais)