Barril de pólvora – A Operação Lava-Jato ganha a cada dia novos capítulos, em especial nesses dias que antecedem o segundo turno da corrida presidencial. Como afirmou o ucho.info em recente matéria, sem imputar culpa a esse ou aquele, configurou um duro golpe contra a campanha de Aécio Neves a acusação de que o então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, teria recebido dinheiro do “Petrolão” para esvaziar a CPI da Petrobras, criada no Congresso Nacional em 2009.
Nesta quarta-feira (22), o advogado de Alberto Youssef disse que apresentaria à Justiça Federal, em Curitiba, um pedido de impugnação do depoimento de Leonardo Meirelles, suposto testa de ferro do doleiro no Labogen, laboratório-lavanderia criado para fraudar o Ministério da Saúde. Em depoimento à Justiça, Meirelles incluiu o nome de Sérgio Guerra no rol de suspeitos de envolvimento na ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras.
O criminalista Antônio Figueiredo Basto, responsável pela defesa do doleiro, disse que solicitará à Justiça uma acareação entre Youssef e Meirelles, réus em uma das ações da Lava-Jato que esmiúça superfaturamento nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Meu cliente afirma peremptoriamente que nunca falou com Sérgio Guerra, nunca teve negócios com ele e nunca trabalhou para o PSDB”, disse o advogado, rebatendo as declarações de Meirelles, que sugeriu uma ligação entre o doleiro e o ex-dirigente tucano, falecido em março passado. “Estamos pedindo uma impugnação do depoimento do Leonardo e uma acareação entre eles”, completou o defensor de Youssef.
Em outra ponta da Lava-Jato está o empresário Hermes Magnus, que com o apoio do jornalista Ucho Haddad, editor do ucho.info, formulou as denúncias que viabilizaram a operação da Polícia Federal que desmontou um bilionário esquema de corrupção. Em mensagem enviada na manhã desta quarta-feira ao site, Magnus também repudiou as declarações de Leonardo Meirelles, afirmando que o testa de ferro do Labogen pode ter sido influenciado pelo ainda deputado federal André Vargas (sem partido – PR), acusado de ser sócio de Youssef no laboratório farmacêutico.
“Acho que as relações do tal Meirelles com o André Vargas devem ser investigadas, talvez Vargas seja o mentor deste absurdo. Janene [José Janene] dizia que Vargas era sorrateiro e tinha que estar sempre ao alcance dos olhos e agradado. Estou à disposição, inclusive das autoridades, para eventuais esclarecimentos. Não poderia ficar calado diante de um absurdo destes”, destaca o empresário Hermes Magnus.
Reforçando o que temos afirmado ao longo dos últimos cinco anos, em especial nas recentes semanas, a Operação Lava-Jato começou a subir a rampa do Palácio do Planalto, tendo feito a sua primeira vítima palaciana: a presidente-candidata Dilma Rousseff, em cuja conta de campanha foi depositado dinheiro do Petrolão. Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa afirmou em recente depoimento que, a pedido de Antonio Palocci Filho, orientou o doleiro Youssef a depositar R$ 2 milhões na conta da campanha petista, em 2010.
Por questões óbvias, o PT precisava reagir a essa grave acusação e pode ter aproveitado o depoimento de Leonardo Meirelles para criar um factoide, como destacamos em matéria anterior sobre o tema. Se André Vargas teve algum tipo de influência sobre Meirelles o site não pode afirmar, mas é certo que o arcabouço de denúncias da Operação Lava-Jato deve fazer mais vítimas cinco estrelas, começando pelo ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que nos últimos dias aumentou o número de incursões na campanha de Dilma para evitar o pior, a implosão do Partido dos Trabalhadores.