Parada dura – Depois de uma campanha mentirosa, rasteira e truculenta, a reeleita Dilma Vana Rousseff já sentiu a peçonha do recado enviado pelo Congresso Nacional. A vida da presidente da República não será fácil nos próximos quatro anos. A primeira derrota de Dilma no Congresso Aconteceu na Câmara, que derrubou o decreto presidencial que cria os polêmicos conselhos populares. A matéria foi colocada em votação, depois de longa espera, por decisão do presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), que foi abandonado pelo PT e pelo Palácio do Planalto em sua tentativa de conquistar o governo do Rio Grande do Norte.
A preocupação palaciana em relação ao convívio com o Parlamento cresceu de tal forma nas últimas horas, que a presidente despachou à Câmara dos Deputados o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o irrevogável, para tratar com as lideranças políticas uma forma de evitar a aprovação de matérias que comprometam as contas do governo. Ou seja, Dilma quer impedir que matérias do interesse da população e importantes ao País sejam aprovadas apenas porque seu governo é marcado pelo binômio “incompetência e corrupção”.
Se atualmente a rebeldia da Câmara tira o sono dos inquilinos do Palácio do Planalto, a partir da próxima legislatura o governo petista de Dilma Rousseff terá de reforçar o estoque de ansiolíticos e medicamentos indutores do sono. Afinal, tudo indica que o próximo presidente da Câmara dos Deputados será Eduardo Cunha, do PMDB fluminense, um político profissional que sabe abusar da maldade quando necessário.
Atual líder do PMDB, Eduardo Cunha é profundo conhecedor do regimento da Câmara e reconhecido por sua habilidade de negociar nos bastidores, a ponto de conseguir reunir em um só bloco parlamentares da oposição e da base governista, o que tem deixado Dilma extremamente preocupada. Quando Cunha assumiu a liderança do PMDB, o ucho.info foi célere ao afirmar que o governo teria sérios problemas na Câmara, o que se comprovou com o avançar dos meses. Se Eduardo Cunha for confirmado como presidente da Casa, a dificuldade do governo será ainda maior.
No Senado a situação de Dilma não será diferente. Com a renovação de um terço das cadeiras, o Senado recebeu políticos experientes, além dos que se reelegeram para novo mandato. Para que o leitor compreenda o grau de dificuldade na relação entre o Planalto e o Senado que surgirá a partir do primeiro dia da próxima legislatura, Dilma terá de enfrentar uma oposição formada por parlamentares experientes, dentre eles, Alvaro Dias, Aécio Neves, José Serra, Aloysio Nunes Ferreira, Cássio Cunha Lima, José Agripino Maia, Tasso Jereissati e Ronaldo Caiado. Sem contar os senadores independentes, como Cristovam Buarque (PDT-DF), Ana Amélia Lemos (PP-RS)
Como se fosse pouco, para complicar um quadro que já é complicado, o governo de Dilma Rousseff e o PT abandonaram à beira do caminho, nas eleições deste ano, alguns candidatos que na condição de senadores podem promover uma intifada no Senado, dependendo da situação. São eles: Eunício Oliveira (PMDB-CE); Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo; Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI e da CPMI da Petrobras; e Romero Jucá (PMDB-RO).
Quem conhece minimamente a política nacional sabe que a parada que Dilma terá pela frente será duríssima, sem contar que dependendo o tema em pauta, a oposição conseguirá assinaturas suficientes para a criação de Comissões Parlamentares de Inquérito. De tal modo, colocar o presunçoso e incompetente Aloizio Mercadante para negocia um período de trégua mostra o grau de irresponsabilidade do governo. Enfim, Dilma credita ser a versão de saias de Aladim, o gênio da lâmpada maravilhosa.