Petrolão: ciranda de corrupção que funcionava na estatal superfaturou o preço da mandioca

mandioca_01Comendo pela raiz – Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antonio Imbassahy (BA) afirmou nesta sexta-feira (31) que a quadrilha instalada na Petrobras ultrapassou com folga os limites do bom senso ao superfaturar até o preço da mandioca, ou macaxeira, como é conhecida no Nordeste. Seria cômico se não fosse verdade, mas recursos públicos provenientes da maior empresa do País serviram para alimentar a fome de uma ciranda de corrupção que comprava o alimento com valores exorbitantes, sete vezes acima do praticado no mercado. Esse absurdo veio à tona depois de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) nos principais contratos das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

“É mais um absurdo que acontece na administração atual da Petrobras. O governo do PT aparelhou a empresa, instalou uma organização criminosa e trouxe vários prejuízos para a nossa principal estatal. Agora, soubemos que a quadrilha roubou até na macaxeira, superfaturando o produto. Isso é inacreditável. Nos faz repudiar tal atitude e deixa a população ainda mais indignada”, avaliou o tucano.

“Tem que haver uma ação efetiva e cada vez mais intensa da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça. É preciso identificar quem é esse fornecedor, quem superfaturou a macaxeira. A certeza que eu tenho é que não foi o agricultor que ganhou com isso, mas sim alguém de dentro dessa organização criminosa. Precisamos saber quem roubou a estatal até na macaxeira”, alertou.

A Petrobras usa o preço da mandioca para tentar explicar superfaturamento de R$ 1,3 bilhão identificado pelo TCU nos contratos da refinaria. O mesmo esquema operado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, investigado pela PF na Operação Lava Jato, pode estar por trás da roubalheira.

Foi constatado que a mandioca realmente era comprada e usada no café da manhã dos trabalhadores nos canteiros de obra. O problema é o preço: R$ 2,88 por 220 gramas. O valor do produto, nas cotações máximas da Ceasa-PE, corrigidas pelo IPCA, é de R$ 0,39 para a mesma porção. Ou seja, a empresa pagava sete vezes mais.

A PF abriu inquérito em 2011 com base no relatório do TCU para apurar o suposto superfaturamento em quatro contratos da refinaria. Os custos exagerados de alimentação chegaram a R$ 37,9 milhões, segundo os auditores. Intimados pela PF para explicar as diferenças de preços, três dos sete gerentes da refinaria citaram a mandioca como responsável por encarecer o café da manhã e os contratos. O TCU havia concordado com a inclusão da mandioca no cardápio para atender exigência da convenção coletiva dos trabalhadores da indústria da construção pesada.

Para Imbassahy, é fundamental que as investigações continuem até que se chegue aos responsáveis e haja as punições devidas e o ressarcimento aos cofres públicos. Na avaliação do líder tucano, os desvios na empresa persistem. “Temos que ir a fundo em mais essa denúncia, pois tudo indica que a organização criminosa ainda não foi completamente retirada da Petrobras”, alerta.

Na próxima quarta-feira (5), a CPI Mista que investiga as irregularidades na Petrobras irá se reunir para apreciar matérias pendentes. Há mais de 400 requerimentos para serem votados. O colegiado poderá decidir ainda sobre a prorrogação dos trabalhos até o dia 22 de dezembro. Caso não haja prorrogação, a CPI mista se encerra em 23 de novembro.

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