Posando de vítima – A denúncia do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de que Gleisi Hoffmann recebeu R$ 1 milhão do esquema do Petrolão, acusação confirmada pelo doleiro Alberto Youssef, que teria enviado, através de mensageiro, o dinheiro até um shopping popular de Curitiba (Shopping Total) não impediu que a ex-chefe da Casa Civil da Presidência continue a proclamar inocência.
Na quinta-feira (6), em reunião com o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, a senadora petista negou veementemente que tenha recebido dinheiro do doleiro Youssef para sua campanha de 2010. Gleisi foi além, abusou da desfaçatez, e garantiu, bem ao estilo do líder máximo do petismo, que “não sabia de nada”. Gleisi participou, na capital paulista, de reunião da bancada do PT no Senado. A “dondoca comunista” evitou o hall do hotel para deixar o encontro, com medo de ter de responder perguntas de jornalistas.
Enquanto a imprensa se preocupa apenas com o eventual envolvimento de Gleisi Hoffmann na ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras com a anuência do Palácio do Planalto, a senadora continua devendo explicações sobre o pedófilo Eduardo Gaievski, indicado pela petista ao cargo de assessor especial da Casa Civil. Já condenado a quase trinta anos de prisão em apenas três casos de estupro de vulnerável (menores de 14 anos), Gaievski encontra-se preso em Curitiba.
De acordo com participantes da reunião capitaneada por Lula, em elegante hotel de São Paulo, com direito a diversos candidatos derrotados nas últimas eleições, Gleisi disse ser vítima de uma campanha difamatória e teria ficado bastante emocionada ao falar aos seus “companheiros” de Senado.
O problema para a indignação de Gleisi ficar crível está no fato de que o repasse de R$ 1 milhão à petista está contabilizado nas contas secretas de Youssef (“PB: 0,1”: Paulo Bernardo, marido de Gleisi, R$ 1 milhão, segundo o doleiro) e a denúncia foi confirmada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Tanto Youssef quanto Paulo Roberto fizeram suas denúncias no âmbito da delação premiada firmada com as autoridades que participam das investigações da Operação Lava-Jato para escapar de penas que podem chegar até 100 anos de prisão. O acordo só se sustenta se todas as delações forem rigorosamente verdadeiras e checadas.
Não existe motivo lógico para que os delatores se somassem para denunciar falsamente Gleisi Hoffmann e o marido, ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), de um crime não cometido. Ninguém consegue entender o motivo para que dois operadores encalacrados com a Justiça estariam participando de uma “campanha” contra Gleisi.