Olho do furacão – Complicou sobremaneira a situação da senadora Gleisi Hoffmann (PT), acusada pelos delatores da Operação Lava-Jato de envolvimento no escândalo do Petrolão. As prisões efetuadas nesta sexta-feira (14) pela Polícia Federal, em todo o País, atingiram empresas que em passado não tão distante fizeram polpudas doações às campanhas da petista.
De acordo com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef, Gleisi recebeu R$ 1 milhão em dinheiro vivo do esquema do Petrolão, mas agora pode ter reveladas novas conexões com a ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras.
Levantamento junto ao TSE mostra que pelo menos quatro empresas envolvidas na Operação Lava-Jato doaram mais de R$ 2,5 milhões à campanha eleitoral de Gleisi em 2010, quando a petista se elegeu senadora. Na lista apreendida pela PF com o ex-diretor da Petrobras constam as empresas Engevix, Iesa (o presidente e executivos foram presos), UTC Engenharia (presidente preso) e Mendes Junior.
Outro grande alvo da operação da PF é a Camargo Corrêa, empreiteira com bisonhas conexões com a senadora petista. Gleisi Hoffmann, que disputou e perdeu a eleição ao governo do Paraná neste ano, tem ligações antigas com a empreiteira. Em 2008, a Camargo Corrêa foi à maior doadora da campanha e Gleisi, na época em que a atual senadora concorreu à prefeitura de Curitiba. De acordo com o site Contas Abertas, “em 2008 a construtora doou apenas R$ 2 milhões para os candidatos nas eleições municipais. Um quarto desse valor foi destinado à candidata à prefeitura da capital paranaense, Curitiba, Gleisi Helena Hoffmann (PT)”.
Gleisi também foi a candidata que apresentou a maior variação patrimonial nos últimos quatro anos. Um crescimento de patrimônio muito superior ao dos seus principais adversários na disputa pelo governo do Paraná. Em relação a 2010, o patrimônio da petista cresceu 118%. Na declaração de bens da candidata do PT causou estranheza a compra de um apartamento de mais de R$ 1 milhão, no Residencial Quartier, que ocupa um quarteirão no bairro Água Verde, em Curitiba.
Aliados do senador Roberto Requião disseminam nas redes sociais uma curiosidade: o Residencial Quartier é um empreendimento da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) – braço da empreiteira Camargo Corrêa, o primeiro construído pela empresa em Curitiba.
A Camargo Corrêa está sendo investigada há muito pelas autoridades da Lava-Jato, sendo que nesta sexta-feira alguns executivos da empresa foram presos pela Polícia Federal por envolvimento com a quadrilha chefiada pelo doleiro Alberto Youssef e por negócios milionários mantidos com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
A empresa de Paulo Roberto Costa, a Costa Global, tinha contratos com a Camargo Corrêa e pagava comissões que, de acordo com as investigações, pode ter chegado a R$ 8 milhões. A construtora venceu a licitação da Petrobras para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo de desvio de mais de R$ 2 bilhões.