Golpe baixo – Vice-líder do PPS na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jordy (PA) criticou a atuação da base do governo na reunião da CPMI da Petrobrás, realizada na quarta-feira (3), para ouvir o ex-diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, de cancelar o encontro utilizando como subterfúgio a realização de sessão do Congresso Nacional. O parlamentar destacou que, apesar do regimento impedir a continuação de reuniões durante sessões do Parlamento, tradicionalmente a Casa nunca impediu a realização de oitivas.
Jordy considerou “hilário” o presidente da Comissão, senador Gim Argello (PTB-DF), ordenar o desligamento das luzes, microfones e, até mesmo, o fornecimento de água para os presentes. O deputado lamentou a postura dos partidos da base que, apesar de afirmarem que defendem a apuração dos escândalos que assolam a Petrobras, trabalham intensamente nos subterrâneos do poder para inviabilizá-la, até porque sabem que o escândalo é muito maior do que imagina a população brasileira.
“O que vimos hoje contrariou completamente a tradição da Casa de permitir que oitivas ocorram mesmo com a realização de sessões da Câmara, Senado ou Congresso. Não havia matérias para serem deliberadas. Não só suspenderam a reunião com convidados, parlamentares e imprensa presentes, como também desligaram o som, fecharam as portas e trancaram até o local onde fica a água para inviabilizar a reunião”, disse.
Segundo o parlamentar, Ildo Sauer estava disposto a falar para a Comissão e informalmente afirmou para deputados e senadores que foi preterido no cargo que ocupava por discordar da política do governo federal para o setor energético e petrolífero.
Organização mafiosa
Na última terça-feira (2), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que participou de acareação com Nestor Cerveró, disse, antes de deixar o plenário da CPMI criada para investigar a corrupção na estatal, que nos depoimentos prestados com base no acordo de delação premiada revelou às autoridades da Operação Lava-Jato o nome de “algumas dezenas” de políticos.
Costa está em prisão domiciliar e sabe com exatidão quem participou da ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras e também o destino do dinheiro sujo que foi surrupiado dos cofres da petrolífera com a anuência explícita do Palácio do Planalto. O temor dos integrantes da base aliada é que alguma informação sobre o envolvimento de políticos vaze antes do fim da CPMI, marcado para o próximo dia 22. Como já mostraram as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, pelo menos três partidos estão atolados na lama do escândalo do Petrolão: PT, PMDB e PP.
Como antecipou o UCHO.INFO, o esquema criminoso que sangrou os cofres da Petrobras beneficiou ao menos setenta parlamentares, ministros de Estado e governadores. A grande questão é que as denúncias contra políticos têm de ser analisadas pelo Supremo Tribunal Federal em razão da prerrogativa de foro por exercício de função, o que posterga a divulgação dos nomes dos delinquentes que participaram da roubalheira. O UCHO.INFO tem uma lista com pelo menos sessenta nomes e aguarda o momento exato para divulgá-la.