Pavio aceso – Em 2013, a inadimplência no País registrou recuo de 2%, mas no ano passado o contingente de brasileiros com dívidas em atraso há mais de três meses apresentou crescimento de 6,3%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. Esse cenário desanimador se equipara ao de 2010, mas melhor que o de 2011, quando houve expansão de 21,5%, e o de 2012, que avançou incríveis 15%.
Na comparação mensal, dezembro foi o oitavo mês seguido de alta, superando em 13,3% a inadimplência registrada no mesmo mês de 2013. Na comparação com o mês anterior (novembro), os endividamentos em atraso foram 4,9% maiores.
As dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços – telefonia, energia elétrica e água) cresceram 4,8% e as assumidas com os bancos registraram aumento de 3,2%. Os títulos protestados avançaram 13,5% e os cheques sem provisão de fundo, 15,1%.
Ao longo de 2014, o valor médio que mais cresceu foi o relativo às dívidas não bancárias, que passou de R$ 315,12 para R$ 355,02, alta de 12,7%. Também ocorreu elevação de 7,2% no valor médio dos cheques sem fundo (de R$ 1.645,91 para R$ 1.763,82).
O valor médio dos débitos com os bancos diminuiu 3,3% (de R$ 1.309,87 para R$ 1.266,59) e o dos títulos protestados caiu 0,4% (de R$ 1.387,24 para R$ 1.381,42).
Os economistas da Serasa Experian justificam que essa reversão na inadimplência foi causada pelo orçamento mais apertado diante do “aumento quase contínuo das taxas de juros (pressionando o custo de carregamento das dívidas), a estagnação da economia, a inflação elevada e o enfraquecimento do mercado de trabalho”.
O quadro atual da economia nacional – com todos os ingredientes numéricos e levantamento de dados – sugere de forma inconteste a continuidade da crise que vem chacoalhando o País e tirando o sono do brasileiro. De tal modo, é excesso de confiança afirmar que a crise criada pelo Partido dos Trabalhadores ao longo de mais de uma década terminará em no máximo dois anos.
Os integrantes da equipe econômica do novo governo têm competência comprovada, mas não se deve esquecer que o salário mínimo continua perdendo para a inflação oficial, que nos últimos anos corroeu os ganhos do trabalhador. Com isso, a queda no consumo torna-se inevitável, o que, no capítulo seguinte, compromete a arrecadação tributária, que por sua vez dificulta os investimentos por parte do governo. Em suma, o Brasil vive uma situação similar ao dito popular do “se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”. (Com ABr)