Sem chance – A demissão de Maria das Graças Foster estava sendo tratada lentamente nos bastidores, mas ganhou força nas últimas horas depois que Lula fez chegar ao conhecimento da imprensa que pediria a cabeça da presidente da Petrobras nos próximos dias.
O assunto acabou vazando e pegou a presidente Dilma Rousseff de surpresa, que tinha um plano alternativo para substituir a diretoria da estatal. A ideia era encontrar algum executivo disposto a assumir um posto no Conselho de Administração da Petrobras para, em seguida, ser entronado no comando executivo da companhia. O tiro saiu pela culatra e a presidente da República precisou interromper a agenda desta terça-feira (3) para receber, em palácio, a amiga de mais de três décadas, com quem tratou da troca de toda a diretoria da estatal.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve em São Paulo nos últimos dias à procura de alguém disposto a assumir o abacaxi em que se transformou a maior empresa brasileira, mas nem mesmo um salário de R$ 160 mil mensais, mais um punhado de mordomias, conseguiu convencer os consultados.
Na mira das especulações palacianas estão Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, com quem Dilma não tem boas relações; Henrique Campos Meirelles, ex-presidente do Banco Central e principal executivo da J&F Participações, holding que controla o frigorífico JBS/Friboi, e cuja indicação é bancada por Lula; e Rodolfo Landim, com passagens pela Eletrobras e BR Distribuidora, que atualmente está frente da Mare Investimentos, fundo de investimentos com foco em participação em empresas de óleo e gás.
Outros nomes com menor cacife também são sondados pelo Palácio do Planalto, que pode optar pela solução caseira que representa Rodolfo Landim, que além de tudo é um ácido e contundente desafeto de Eike Batista, de quem foi sócio até o começo da derrocada do então mega-empresário. Em relação a Agneli, dois fatos pesam contra o ex-presidente da Vale: é amigo de Lula e foi defenestrado da mineradora pela própria presidente Dilma, no começo de 2011. No tocante a Meireles, com quem Dilma não mantém boas relações desde a época em que chefiava a Casa Civil, o problema é o mesmo: Lula.
O constrangimento de Dilma Rousseff diante do vazamento da informação da demissão de Maria das Graças Foster foi tão grande, que a assessoria de comunicação da Presidência negou que a troca da diretoria da Petrobras tenha pautado o encontro entre ambas. Por mais que Dilma quisesse esconder a demissão da diretoria da estatal, a reação da Bolsa de Valores diante da notícia a impede de manter segredo. Apenas nesta terça-feira, a Petrobras recuperou R$ 16 bilhões em valor de mercado. Ou seja, Dilma não tem saída, a não ser confirmar a saída de Graça Foster, que, é bom lembrar, já havia pedido demissão em quatro ocasiões.