Levy adota o discurso palaciano e adere à estratégia míope de vender o Brasil como “País de Alice”

joaquim_levy_01Faz de conta – Ministro da Fazenda e principal integrante da equipe econômica do governo federal, Joaquim Levy tem se esforçado para sustentar o insustentável. Ou seja, Levy insiste em afirmar que a economia brasileira não passa por grave crise, como fez na manhã desta segunda-feira (23) durante palestra na Câmara de Comércio Brasil-França, em São Paulo. Diante das previsões de desempenho negativo da economia verde-loura, o titular da Fazenda disse que não há “nada de problemático”, pois o País conta com “inúmeras vantagens”.

“Não há nada de problemático na economia brasileira. Ainda há inúmeras vantagens no país, como nosso capital humano. Temos certeza de que temos condições de fazer essa reengenharia da nossa economia sem grande dificuldade. No ano passado, o governo fez alguns ajustes em programas de transferência, e atacou situações em que havia distorções para garantir sua efetividade conhecida pela população”, afirmou Levy, ao referir-se às mudanças nos programas de seguro-desemprego, seguro-doença e pensões por morte.

O ministro pode ate querer dourar a pílula, como vem fazendo desde que assumiu a Fazenda, mas não se pode dar as costas para a realidade do cotidiano, que aponta na direção das dificuldades crescentes. Ademais, Levy fala com naturalidade da mudança nas regras dos benefícios trabalhistas, enquanto Dilma, durante a corrida presidencial de 2014, usou a expressão “nem que a vaca tussa” para negar qualquer modificação nos direitos dos trabalhadores. A proposta do ministro da Fazenda nada mais é do que transferir ao trabalhador o ônus da lambança patrocinada pelo PT nos últimos doze anos.

Joaquim Levy garantiu, diante de empresários, que o governo Dilma deve dar suporte ao crescimento baseado no capital humano e na capacidade de poupança. O ministro tem o direito de falar o que quiser, porém é preciso salientar que esse discurso de apostar no capital humano é mais uma cortina de fumaça com a chancela do Palácio do Planalto.

“Temos que tomar decisões rapidamente. O governo deve criar e consolidar um novo ambiente, criar as bases para um novo ciclo de crescimento, se valendo dos recursos naturais… Um crescimento baseado no nosso capital humano e na nossa capacidade de poupança”, declarou Levy.

A mão de obra brasileira é conhecidamente desqualificada, o que explica a baixa remuneração dos trabalhadores em todo o País. Ato contínuo, configura irresponsabilidade falar em aumento da capacidade de poupança no momento em que a inflação vem corroendo diariamente a remuneração dos cidadãos, cada vez mais amedrontados com o retorno do malgrado binômio “fim do dinheiro – continuidade do mês”.

Para o ministro, o País está em condições de competir “melhor do que no passado”. “Nos últimos 15 anos, os empresários com quem converso são unânimes em falar sobre o dinamismo da economia. Temos uma geração mais bem preparada. Todo mundo praticamente está dentro da economia de mercado”, disse.

Enquanto o governo tenta vender ao mercado financeiro, aos investidores e aos brasileiros incautos a ideia de que a crise é obra de ficção dos que torcem contra, os empresários, longe de câmeras e microfones, só sabem lamentar no vácuo de uma situação que piora dia após dia. Não bastasse o cenário econômico atual, os desdobramentos do Petrolão têm afundado o Brasil na vala do descrédito.

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