Sinal de alerta – Na terça-feira (3), pesquisadores ingleses alertaram para o fato de médicos não atentarem para os riscos a que estão expostos os pacientes com o uso prolongado do paracetamol, o mais popular entre os analgésicos.
Pacientes que costumam ingeri-la diariamente e em grande quantidade, por vários anos, tendem a aumentar o risco de morte ou desenvolver problemas renais, intestinais e cardíacos.
A equipe do Instituto de Medicina Reumática e Músculoesquelética, liderada por Philip Conaghan, analisou dados a partir de importantes estudos já publicados sobre o uso frequente de paracetamol.
Os dados referem-se apenas a pessoas que tiveram o remédio receitado por um médico e não incluíram quem compra por conta própria na farmácia. Um desses estudos constatou uma taxa maior de letalidade (até 63%), comparando usuários do paracetamol com quem não tinha sido receitado.
Outras quatro pesquisas concluíram elevado risco de problemas cardiovasculares, variando entre 19% e 68%. O risco de hemorragia gastrointestinal e outros efeitos colaterais no intestino chegou a 49%.
Em três estudos, os riscos de problemas renais se relacionavam com a quantidade de remédio ingerido, ou seja, quanto maior a dose, maior o risco.
“Mesmo o risco sendo baixo na maior parte das vezes, os médicos deveriam ser cautelosos ao receitar a droga”, alertaram os pesquisadores. “Nós acreditamos que o risco real da prescrição do paracetamol seja maior do que percebido atualmente pela comunidade clínica. Justifica-se uma revisão sistêmica da eficácia e da tolerância em condições individuais”, acrescentaram.
Os pesquisadores ainda explicaram que a análise não foi conclusiva a respeito do fato se morte prematura e problemas de saúde seriam causados por uma doença subjacente mais do que pelo paracetamol. “O paracetamol ainda é o analgésico mais seguro, e este estudo não deveria fazer com que as pessoas parem de tomá-lo”, disse Nick Bateman, professor em toxicologia clínica na Universidade de Edimburgo.
Foi aconselhada uma menor dosagem, em um tempo mais curto, e somente o necessário. Aliás, segundo os pesquisadores, este é o senso comum para todos os remédios.
SeifShaheen, professor na área de epidemiologia respiratória na Universidade Queen Mary em Londres, outro especialista no tema, concordou com Bateman ao afirmar que “a revisão sobre os efeitos do remédio, dadas as limitações, não fortaleceu a evidência de efeitos prejudiciais causadas pelo paracetamol”. Segundo Shaheen, seria prudente realizar “novas e rigorosas pesquisas sobre possíveis efeitos prejudiciais em torno da droga, usada com frequência”.
Recomendado amplamente como o primeiro passo para acabar com várias dores, o paracetamol é tido por muitas pessoas como mais seguro do que a aspirina e o ibuprofeno.
É unanime a afirmação que devemos levar em conta um uso mais cauteloso do paracetamol. Os médicos devem estar atentos às reações individuais de cada paciente ao medicamento, observando o aumento no grau de toxicidade quando a dosagem for maior e por um período regular. (Por Danielle Cabral Távora)