Jogando a toalha – A situação das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção desmontado pela Operação Lava -Jato está cada vez mais complicada. Além da diminuição no crédito e credores batendo à porta, os investidores estão sem segurança para comprar ativos das empresas. Tudo isso está tirando o fôlego financeiro das empreiteiras envolvidas direta ou indiretamente no Petrolão, esquema criminoso que sangrou os cofres da Petrobras a partir do superfaturamento de contratos e pagamento de propinas a partidos políticos.
Assim, com o cenário cada vez mais difícil, as empreiteiras denunciadas na Lava-Jato preparam pedidos de recuperação judicial como alternativa de sobrevivência. O grupo OAS e a Galvão Engenharia estão com o processo de recuperação mais avançado, podendo protocolar o pedido nos próximos dias. A construtora Schahin também com o pedido de recuperação judicial está em estágio adiantado. Enquanto que a UTC e a Engevix estão atrasadas.
De acordo com Ricardo Carvalho, diretor sênior de empresas da agência de classificação Fitch Ratings, as empresas que estão com caixa apertado e dependem da rolagem de dívidas correm um enorme risco de não conseguirem crédito, levando-as, como consequência, à falência.
Vale ressaltar que o crédito no mercado internacional está fechado para todas as empresas que têm envolvimento com a Petrobras ou são investigadas na Operação Lava-Jato. No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal financiador do setor, ficou mais seletivo. Inclusive, executivos das empreiteiras revelaram que a instituição tem pedido garantias adicionais até para liberar parcelas de financiamentos já aprovados.
Já os bancos privados até oferecem linhas de crédito, mas o custo chega a ser o dobro do que era em 2014. O número de garantias e exigências aumentou tanto, que a maioria das construtoras acusadas de corrupção não consegue crédito. Desta forma, grupos envolvidos na Lava-Jato começam a cair como um castelo de cartas.
A recuperação judicial também entrou no objetivo das empreiteiras, pois também encontram dificuldades para vender ativos que poderiam tirá-las do sufoco financeiro. “Se eu compro agora e, nos meses seguintes, a empresa entrar em recuperação, eu posso ser responsabilizado junto com ela: é encrenca”, revelou um executivo que tem interesse em ativos de construtoras.
A maioria dessas empreiteiras vê a recuperação judicial como um caminho para tirá-las, no curto prazo, do nó que representa a escassez financeira e a falta de perspectivas. A grande questão que surge desse quadro é saber quais empresas serão responsáveis pelas obras de infraestrutura que o Brasil tanto precisa. (Por Danielle Cabral Távora)