Soltando a voz – Nesta quarta-feira (25), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o convite para que o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, compareça à Casa para explicar o encontro secreto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na véspera da divulgação da lista dos políticos envolvidos no Petrolão, o maior esquema de corrupção da história da humanidade, e encaminhada ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com o autor do requerimento, deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS), o ministro tem “obrigação” de comparecer ao colegiado, já que ele assumiu a função de interlocutor do governo e que é “notória” a preocupação da Presidência da República de que a lista de suspeitos na Lava Jato não envolvesse nomes ligados ao governo.
Empreiteiras
A CCJ já havia aprovado o convite para que José Eduardo Cardozo pudesse esclarecer os acordos de leniência com empresas flagradas pela Operação Lava-Jato no esquema criminoso que sangrou os cofres da Petrobras. Na audiência, Cardozo deverá falar sobre as reuniões que manteve com advogados das empreiteiras.
Os encontros não constavam da agenda oficial do ministro, mas aconteceram a pedido do titular da pasta, que cumprindo ordens palacianas tentou minimizar o estrago provocado pelos acordos de delação premiada feito por alguns executivos das empreiteiras.
Na reunião não-oficial com os advogados das empreiteiras, o ministro da justiça assumiu o papel de negociador. Em um desses esforços, Cardozo recebeu em seu gabinete, em Brasília, o advogado Sérgio Renault, defensor da UTC, e disse que a operação da Polícia Federal mudaria de rumo radicalmente depois do Carnaval.
Na ocasião, o ministro confirmou a reunião e disse que ela ocorreu por se tratar de dever “do ministro da Justiça e de quaisquer servidores públicos receber advogados no regular exercício da profissão, conforme determina o Estatuto da Advocacia”. (Por Danielle Cabral Távora)