Voz que se cala – O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, um dos autores mais famosos da literatura latino-americana, morreu nesta segunda-feira (13) em Montevidéu, aos 74 anos. Galeano estava internado num hospital da capital uruguaia desde sexta-feira devido a complicações de um câncer de pulmão, que já havia sido tratado em 2007.
Nascido em Montevidéu em 3 de setembro de 1940, Galeano começou muito jovem no jornalismo e nos mais variados gêneros literários, como o ensaio, a poesia e a narrativa. Antes de se tornar um destacado intelectual da esquerda latino-americana, trabalhou em fábricas, como desenhista, pintor mensageiro, datilógrafo e caixa de banco.
Ele foi redator-chefe do semanário “Marcha” (1961-1964), diretor do diário “Época” (1964-1966) e diretor de publicações da Universidade do Uruguai (1964-1973). Em 1973, exilou-se em Bueno Aires, onde fundou a revista “Crisis”. Em 1976 seguiu para Barcelona. Seu retorno ao Uruguai ocorreu em 1985, após o retorno da democracia.
Aos 31 anos, em 1971, o escritor publicou sua obra mais conhecida, “As veias abertas da América Latina”, que relata a exploração econômica no subcontinente. Anos mais tarde, o próprio Galeano reconheceu que, na época em que escreveu a obra, não tinha formação suficiente para concluir a tarefa. “[As veias abertas] tentou ser uma obra de economia política, só que eu não tinha a formação necessária”, disse.
Em 2009, durante a quinta Cúpula das Américas, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu de presente um exemplar da obra – proibida pelas censuras das ditaduras de Uruguai, Argentina e Chile – ao presidente dos EUA, Barack Obama.
Questionado sobre o episódio, Galeano respondeu: “Nem Obama nem Chávez entenderiam o texto. Chávez entregou com a melhor das intenções, mas o presente a Obama é um livro num idioma que ele não conhece. Portanto, foi um gesto generoso, mas um pouco cruel.”
Galeano recebeu o prêmio American Book Award de 1989 pela trilogia “Memória do Fogo”, que relata histórias da América Latina da época pré-colombiana até a atual. Seus livros foram traduzidos em mais de 20 idiomas.
Em julho de 2008, Galeano foi agraciado com o primeiro título de Cidadão Ilustre do Mercosul. Além disso, é doutor honoris causa por diversas universidades latino-americanas. (Com agências internacionais)