Mãos ao alto – A inflação de março foi a maior em doze anos devido ao aumento de 22% nas tarifas da energia elétrica. Em abril, o item cedeu, porém o acumulado mostra que os consumidores estão pagando bem mais pela luz.
É necessário ressaltar que o aumento nos últimos 12 meses chega a 85% em Curitiba e 72% em São Paulo. A média é de 59,93% nas 13 áreas metropolitanas monitoradas pelo IBGE, sendo que Salvador teve a menor alta, 36%.
Mas os aumentos não param por aí. Nesta semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs a quarta revisão tarifária da companhia: um aumento de 15,16% a partir do dia 4 de julho.
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), que representa grupos como Alcoa, Gerdau, Braskem, Vale e Votorantim, acabou de entrar na Justiça contra a cobrança de um dos encargos embutidos na conta, a Contribuição de Desenvolvimento Energético (CDE).
Segundo o relatório divulgado no final de abril do Tribunal de Contas da União (TCU), as dificuldades vividas pelo setor elétrico nos últimos anos possuem “estreita relação” com deficiências da atuação governamental no setor.
O TCU avalia que a Medida Provisória 579, que antecipou a renovação das concessões de energia elétrica em geração e transmissão, não teve os efeitos esperados e permitiu apenas uma redução inicial e provisória dos preços de energia.
Cerca de um terço da energia nova a ser gerada por projetos previstos para o intervalo de 2015 a 2020 está em empreendimentos paralisados ou com obras não iniciadas.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a recessão econômica ajudou a causar uma queda de 4,1% no consumo no mês passado.
Dedo indicador
A alta na tarifa de energia é resultado de dois fatores específicos. O primeiro deles decorre do período em que Luiz Inácio da Silva estava na presidência. Na ocasião, mais precisamente na segunda metade do segundo mandato, o agora lobista de empreiteira incentivou a venda de eletrodomésticos, o que aumentou o consumo de energia, mesmo com os equipamentos sendo mais modernos e ecologicamente corretos.
Naquele momento de sandice presidencial, o UCHO.INFO alertou o governo para o perigo da medida, pois haveria o aumento no consumo de energia sem o devido incremento na geração. Para evitar um apagão generalizado no País, o governo fanfarrão do PT teve de acionar as usinas termelétricas, mais caras e poluentes. A presidente Dilma adotou a mesma toada, sendo que as termelétricas estão em funcionamento ininterrupto desde outubro de 2012.
O segundo motivo para o aumento da tarifa de energia elétrica é culpa de Dilma Rousseff, que chacoalha em seu segundo mandato a reboque de uma crise político-institucional sem precedentes nos últimos vinte anos. Na segunda metade de seu segundo mandato, Dilma decidiu antecipar a renovação da concessão das empresas geradoras de energia, sob a condição de a tarifa ao consumidor ser reduzida.
Para que isso pudesse vingar foi preciso que o governo criasse condições financeiras favoráveis às empresas. Com o descompasso na economia, o governo abandonou as geradoras, que, com a conivência palaciana, tiveram de aumentar as tarifas de energia como forma de não deixar o brasileiro no escuro. Mesmo com esse aumento, as termelétricas continuam operando a todo vapor.