Delator da Lava-Jato, Youssef confirma notícia do UCHO.INFO: Lula e assessores sabiam do Petrolão

alberto_youssef_13Chegando perto – Um dos primeiros e principais delatores da Operação Lava-Jato, ao lado de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef confirmou nesta segunda-feira (11), em depoimento à integrantes da CPI da Petrobras, em Curitiba, o que o UCHO.INFO sempre afirmou: o Palácio do Planalto sempre soube da roubalheira que derreteu os cofres da estatal.

Durante o depoimento, Youssef citou ao menos dois nomes de pessoas ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva e à sua sucessora, a petista Dilma Vana Rousseff: Ideli Salvatti, então ministra da Secretaria de Relações Institucionais, e Gilberto Carvalho, homem de confiança de Lula e ex-secretário-geral da Presidência. “Lembro que foi conversado com Idelli Salvatti e com secretário Gilberto Carvalho”, disse o doleiro durante audiência da CPI da Petrobras, que nesta segunda-feira funcionou excepcionalmente na capital paranaense.

Perguntado se Lula, Dilma, Antonio Palocci Filho, Gleisi helena Hoffmann, José Dirceu, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e Edison Lobão sabiam do esquema criminoso de pagamento de propinas a partir de contratos superfaturados da Petrobras, o doleiro disse “na minha opinião, sim”.

Questionado sobre sua convicção a respeito do fato de o Planalto ter conhecimento do escândalo, Alberto Yousseff respondeu: “Primeiro, que eu escutava isso do dr. Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás) quando sempre havia uma discussão interna do partido dele (PP). Depois, o Paulo Bernardo, quando ministro fez pedido ao Paulo Roberto Costa para que eu entregasse R$ 1 milhão para (a campanha) Gleisi (Hoffmann, mulher de Bernardo). E a questão da Muranno (agência de publicidade), que foi resolvida a pedido do presidente (da Petrobrás) Gabrielli. A opinião é minha, é meu sentimento. Agora, provas eu não tenho.”

De acordo com Youssef, “em 2012 ou 2011, já no segundo semestre, houve um racha entre os membros do Partido Progressista e isso foi motivo de discussão dos líderes com a Casa Civil, com o secretário Geral da Presidência da República, com doutor Paulo Roberto Costa, inclusive no caso houve a queda do Nelson Meurer e o Arthur de Lira assumiu a liderança do partido.”

“Esse assunto o Paulo Roberto deixou claro ao líder Nelson Meurer e ao presidente do partido, hoje Ciro Nogueira, e esse assunto teria que chegar a ele através do Palácio, a quem ele ia se reportar. Isso eu escutei dele por várias vezes”, completou o doleiro.

Sobre o fato de Paulo Roberto Costa ter atuado como interlocutor do Palácio do Planalto com os beneficiados pelo esquema, Youssef de novo foi enfático e reforçou assunto que fez parte da denúncia formulada pelo editor do UCHO.INFO e pelo empresário Hermes Freitas Magnus. Disse o doleiro que o chefe do esquema de corrupção, hoje chamado de Petrolão, era o então deputado federal José Janene (PP-PR), falecido em 2010.

“A interlocução sempre foi José Janene, depois passou a ser Mario Negromonte (ex-ministro das Cidades, governo Dilma Rousseff), Nelson Meurer. E, em determinado momento, houve racha no partido e essa situação foi parar no Palácio e o Paulo deixou claro para o Nelson Meurer que quem tinha que indicar o novo interlocutor seria o Palácio”, detalhou o doleiro.

Conhecido como “Xeique do Mensalão”, Janene envolveu-se diretamente no primeiro grande escândalo de corrupção da era Lula e só não teve o mandato cassado porque contou com alguns apaniguados na Câmara dos Deputados, os quais trabalharam para dificultar sua intimação pelo Conselho de Ética da Casa. Com essa manobra, José Janene conseguiu se aposentar por causa de uma cardiopatia que mais tarde lhe ceifou a vida.

Quando o Mensalão do PT naufragou em 2005, no rastro da CPMI dos Correios e de outras comissões de inquérito, Janene passou a operar um novo esquema de corrupção, com a anuência explícita de Lula. Quem acompanhou de perto a atuação política de José Janene sabe que o ex-presidente da República não apenas tinha conhecimento da bandalheira, mas endossava a ação criminosa como forma de garantir apoio no Congresso Nacional.

Em agosto de 2005, o editor do site fez a primeira denúncia sobre o novo esquema de corrupção. Quatro anos depois, em 2009, levou ao Ministério Público Federal, em São Paulo, as primeiras denúncias concretas sobre o escândalo que culminou com a Operação Lava-Jato.

É importante destacar que Youssef e Janene eram compadres, sendo que o doleiro fazia, à época, o papel de operador financeiro do então comandante do Partido Progressista. De tal modo, a expressão “na minha opinião, sim”, usada por Youssef para dizer que Lula e seus asseclas sabiam do esquema, é uma forma evasiva de mandar recado ao Palácio do Planalto.

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