Petrolão: aumenta nos bastidores o tiroteio entre os “companheiros” Lula, Dilma e José Dirceu

dilma_rousseff_492Chumbo trocado – O clima na cúpula do Partido dos Trabalhadores não é dos melhores e já começa a provocar estragos na relação entre caciques da legenda. Há dias, o deputado cassado e mensaleiro José Dirceu de Oliveira e Silva acusou Lula e Dilma Rousseff de serem covardes e, juntamente com ele, estarem no “mesmo saco”. Esse tiroteio promovido por Dirceu é fruto da discórdia com o ex-presidente da República, que abandonou seu outrora braço direito depois da condenação na Ação Penal 470.

Quem acompanha a política nacional com mais proximidade sabe que Lula sempre foi refém de José Dirceu, situação que deu ao ex-chefe da Casa Civil poderes que chegaram a impressionar os mais experientes. Por conta do abandono e do envolvimento do seu nome no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade, Dirceu decidiu cuidar da própria vida, sem qualquer pensamento partidário, dando a Lula o mesmo tratamento que vem recebendo. A diferença está no detalhe que o ex-comissário palaciano resolveu dar o troco.

Como se não bastasse, a situação entre Lula e Dilma tem piorado com o passar do tempo. Depois que passou a ser bombardeada pela oposição por conta do escândalo que corroeu os cofres da Petrobras, a presidente da República tomou a decisão de creditar ao antecessor a responsabilidade pelas indicações a cargos de diretoria na estatal petrolífera, os quais serviram de base para a roubalheira que beneficiou partidos políticos e parlamentares. A estratégia, arquitetada pelo staff do Palácio do Planalto, visa colocar no colo de Lula a culpa pelo escândalo que continua sangrando o PT.

O posicionamento de Dilma em relação ao imbróglio que colocou a Petrobras na corda bamba ficou claro na entrevista concedida pela petista ao jornal belga “Le Soir”. A presidente afirmou ao tabloide europeu que os diretores da Petrobras presos na Operação Lava-Jato foram demitidos no fim de 2011 porque não gozavam da sua confiança. “Essas cinco pessoas já não estavam mais trabalhando para a Petrobras”, disse a petista.

Dilma pode dizer o que quiser, pois afinal o Brasil ainda é uma democracia que defende a livre manifestação do pensamento, mas não pode se esquecer da cronologia dos fatos relacionados ao escândalo. Próximo a Lula, que o chamava de “Paulinho”, Paulo Roberto Costa deixou a diretoria de Abastecimento da Petrobras no começo de 2012. Atualmente ele cumpre pena de prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

Renato Duque e Nestor Cerveró permaneceram nos respectivos cargos, na estrutura da Petrobras, com a anuência explícita de Dilma. Tempos depois, ambos foram presos pela Polícia Federal na esteira da Operação Lava-Jato.

O entrevero entre Lula e Dilma deve se acirrar, porque a presidente da República não tem outra saída para salvar seu mandato, a não ser empurrar para o antecessor a culpa pelo escândalo. Lula, por sua vez, ainda não digeriu a decisão da sucessora de concorrer à reeleição, uma vez que o combinado era Dilma exercer um mandato tampão, garantindo ao ex-metalúrgico o direito de concorrer à Presidência em 2014. O descontentamento de Lula com a decisão da presidente ficou claro com sua tardia entrada na campanha da “companheira”.

O cenário nos bastidores vem piorando a cada dia, já que Lula vem fazendo, de forma indireta e por meio de interlocutores, duras críticas ao governo de Dilma Rousseff, em especial em relação ao pacote de ajuste fiscal.

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