Missa encomendada – A situação política de Luiz Inácio da Silva, o alarife Lula, nunca esteve tão frágil como agora. De olho da corrida presidencial de 2018, Lula começa a experimentar a rejeição da parcela do eleitorado que sempre o acompanhou nas urnas. Em qualquer cidade brasileira o discurso é o mesmo: o ex-metalúrgico perdeu parte do seu cacife eleitoral por conta dos escândalos de corrupção envolvendo o PT.
Quem costuma andar de táxi sabe que esse sentimento está se espalhando em progressão geométrica, o que explica o desespero do ex-presidente da República diante dos seus projetos políticos, que podem naufragar parcialmente. Não há no País um “instituto de pesquisa” mais confiável que o motorista de táxi, que por conta da profissão tira a mediatriz da opinião da população.
Após a CPI da Petrobras a convocação de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e “trem pagador” do petista, Luiz Inácio da Silva deu uma sonora bronca nos companheiros, exigindo que todos saíssem em sua defesa. Para tanto, os petistas teriam de fazer ruído na esteira da convocação de Okamotto. Não demorou muito tempo e o primeiro a cumprir a ordem de Lula foi o deputado federal Jorge Solla (PT-BA).
Sem se preocupar com o nexo de sua atitude, Solla apresentou na CPI da Petrobras dois requerimentos de convocação de Sérgio Fausto, superintendente-executivo do Instituto FHC (IFHC). A justificativa do deputado petista para a convocação de Fausto é tão esdrúxula quanto quem lhe pediu ajuda, no caso o lobista Lula. Solla disse que a CPI da Petrobras deve ser isenta na investigação do esquema de corrupção que derreteu os cofres da Petrobras.
“O presidente do Instituto Lula (Paulo Okamotto) foi convocado porque a entidade recebeu doação da Camargo Corrêa. Se isso é critério para ser investigado na CPI, então que venha o Fausto: o IFHC recebeu da Camargo Correia em 2011, recebeu em 2002, recebeu até da Sabesp, uma empresa pública controlada pelo governo do PSDB de São Paulo”, afirmou Jorge Solla.
Se o petista baiano quer ser subserviente a Lula é uma questão de foro íntimo, mas abusar da genuflexão e atropelar a lógica, assim como o bom senso, é no mínimo irresponsabilidade política. Na tentativa de justificar sua obediência a Lula, o deputado baiano abusou do “non sense” e disparou: “O presidente do Instituto Lula (Paulo Okamotto) foi convocado porque a entidade recebeu doação da Camargo Corrêa. Se isso é critério para ser investigado na CPI, então que venha o Fausto: o IFHC recebeu da Camargo Correia em 2011, recebeu em 2002, recebeu até da Sabesp, uma empresa pública controlada pelo governo do PSDB de São Paulo”.
O superintendente-executivo do Instituto FHC, Sérgio Fausto, é alvo de dois requerimentos do deputado federal Jorge Solla (PT-BA) apresentados nesta quarta-feira (17) na CPI da Petrobrás. O argumento para a convocação e quebra de sigilo de Fausto é a de que a comissão deve ser isenta na investigação do esquema de corrupção que atingiu a estatal.
“O presidente do Instituto Lula (Paulo Okamotto) foi convocado porque a entidade recebeu doação da Camargo Corrêa. Se isso é critério para ser investigado na CPI, então que venha o Fausto: o IFHC recebeu da Camargo Correia em 2011, recebeu em 2002, recebeu até da Sabesp, uma empresa pública controlada pelo governo do PSDB de São Paulo”, destaca Solla.
Os Requerimentos 878/2015 e 880/2015 foram apresentados como forma de denunciar a postura parcial do presidente da CPI, deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), que considerou prejudicados os requerimentos que convocam envolvidos no esquema desvendado pela Lava-Jato, mas aprovou outros que fogem do objeto da CPI, como o que convoca Okamotto.
“Agora ele tem uma situação igual, idêntica, nas mãos. Se ele prejudicar e não colocar para votar esses requerimentos, prova mais uma vez que usa de dois pesos e duas medidas, comprometendo toda a investigação com a mácula da perseguição política”, disse o petista. Ou seja, Solla discorda do presidente da CPI, mas faz o mesmo apenas para agradar seu chefe maior, o lobista Lula.
É importante lembrar ao deputado Jorge Solla que Lula, assim como Paulo Okamotto, é um cidadão comum e sem qualquer prerrogativa por exercício de função. Por isso, a convocação de Okamotto é absolutamente normal, visto que o Instituto Lula, o ex-presidente da República e o PT estão envolvidos diretamente no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.
Em relação ao fato de o IFHC ter recebido doação da Sabesp, empresa controlada pelo governo paulista, o UCHO.INFO entende que se trata de uma gritante irregularidade, mesmo que tenha embasamento legal. FHC, assim como o governo de São Paulo, deveria recusar doações dessa natureza, até porque não se pode usar o poder de influência no meio político para obter vantagens. Contudo, no contraponto, Jorge Solla precisa recordar que um dos filhos do ex-presidente, Fábio Lula da Silva, recebeu aporte financeiro em sua empresa de uma concessionária pública. Se há ilegalidade nisso é difícil saber, mas com certeza sobra imoralidade.
O movimento orquestrado por Lula deixa claro que o petista está desesperado diante da possibilidade de virem à tona as verdades sobre o seu envolvimento no Petrolão.
O oportunismo rasteiro e barato de Jorge Solla, ao convocar o superintendente do IFHC, é tão absurdo quanto intimar o megatraficante Fernandinho Beira-Mar para depor sobre a misteriosa morte do arcebispo Albino Luciani, o papa João Paulo I.