Barrado no baile – Na última sexta-feira (3), o juiz federal Sergio Fernando Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, indeferiu pedido feito pelos advogados do ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva para ter acesso ao conteúdo da delação premiada do empresário Milton Pascowtich, preso em maio pela Polícia Federal.
O acordo de delação foi homologado pela Justiça Federal em 29 de junho, dia em que Pascowtich, acusado de ser um dos operadores das propinas do Petrolão, foi solto para cumprir prisão domiciliar, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. Até esta data, o empresário estava preso na carceragem da PF, em Curitiba.
Para Sérgio Moro, os termos e depoimentos prestados por Pascowitch ainda estão sob sigilo, que é “indispensável no momento para a eficácia das diligências investigativas em curso a partir dele”. A decisão do juiz da Lava-Jato foi divulgada somente nesta segunda-feira (6).
Por ocasião da homologação do acordo de delação premiada, o advogado de defesa de Pascowtich, Theodomiro Dias, disse que não se manifestaria sobre o conteudo dos depoimentos cliente e nem sobre a prisão domiciliar.
Na última semana, os advogados de José Dirceu também solicitaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso aos depoimentos do acordo de delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que tem provocado um considerável desastre na cúpula do governo federal.
De acordo com as investigações, Milton Pascowitch atuava como elo entre a diretoria de Serviços da Petrobras e o Partido dos Trabalhadores. O contato era feito por meio da JD Consultoria, de propriedade de José Dirceu, conforme a Polícia Federal. Pascowitch atuava junto à Engevix, empreiteira com contratos com a estatal e que é acusada de pagar propinas a diretores.
Por meio da própria empresa, a Jamp Engenheiros Associados, o empresário pagou R$ 1,4 milhão à consultoria de Dirceu, que nega irregularidades. O delegado federal Igor Romário de Paula afirma que os pagamentos foram feitos entre 2011 e 2012. De acordo com o ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, a Jamp era responsável por repassar propina paga pela construtora Engevix.
O vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, que também cumpre prisão em regime domiciliar, disse em depoimento que, além de pedir doação de campanha para o PT, Milton Pascowitch intermediou o pagamento de propina da Engevix com a diretoria de Serviços da Petrobras, que na ocasião era comandada por Renato Duque. O ex-diretor está preso no Complexo Médico-Penal do Paraná, em Pinhais, cidade da Grande Curitiba. (Danielle Cabral Távora)