Fundo de quintal – Na quinta-feira (9), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) desafiou a presidente Dilma Rousseff a provar que a oposição é “golpista”. A resposta do presidente do PSDB veio após a petista afirmar em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” que “quem é golpista mostra na prática as tentativas”.
O tucano disse que só defendeu as instituições do País e o respeito à Constituição pelo governo, o que comprova que Dilma está “acuada” e “desconectada com a realidade”.
“A oposição não é golpista. Eu desafio a presidente a demonstrar em que instante eu, como presidente do PSDB, dei qualquer declaração que não fosse de respeito à Constituição e à soberania das nossas instituições. Não fazemos aqui pré-julgamentos. Mas ninguém, absolutamente ninguém neste país, inclusive a presidente da República, está acima das instituições”, ressaltou Aécio.
O senador afirmou que Dilma, mesmo fora do Brasil, está perseguida pela “incerteza em relação ao próprio futuro”. Sem falar diretamente em impeachment, o peessedebista afirmou que seria uma “saída mais tranquila e adequada para o Brasil” que Dilma cumprisse seu mandato até o final, porém que quem vai definir o seu futuro não é a oposição, e sim ela própria e o povo brasileiro.
“O que não permitiremos é que as nossas instituições, como Tribunal de Contas da União, Tribunal Superior Eleitoral e a própria Polícia Federal, sejam constrangidas pela ação do seu governo”, alertou o senador.
Na quinta-feira, Dilma e Aécio voltaram a fazer acusações mútuas diante da crise política enfrentada pelo atual governo. No início da semana, a fala de Dilma em entrevista ao jornal foi apontada pela oposição como tentativa de intimidar o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investigam as “pedaladas fiscais” e as contas da campanha da presidente, respectivamente.
A petista foi direta ao dizer que não há elementos para seu afastamento do cargo e acusou a oposição de atitude “golpista”. Dilma, que atualmente está em viagem ao exterior (Rússia e Itália), disse na quinta-feira que em “momento algum” da entrevista passou por cima das instituições.
“Eles [TSE e TCU] abriram a oportunidade de nos explicar e vamos nos explicar bem explicado”, afirmou a presidente a jornalistas. Ela ainda argumentou que seus adversários adotaram discurso de que os tribunais já tomaram uma posição contrária à sua defesa.
“Quem coloca como já tendo tido uma decisão está cometendo um desserviço (…), porque não há nenhuma garantia que qualquer senador da República, muito menos o senhor Aécio Neves, possa prejulgar quem quer que seja ou definir o que uma instituição vai fazer ou não”, ressaltou a petista.
“A gente não fica discutindo quem é quem e não é golpista. Quem é golpista mostra na prática as tentativas, que começa, por isso: prejulgar uma instituição”, completou Dilma.
Segundo Aécio Neves, a presidente “não está bem” e se refere a fatos “desconectados da realidade”. “O que ouvimos é algo absolutamente fora do sentido, como têm sido algumas declarações da presidente. Em momento algum houve qualquer pré-julgamento. Mal informada, a presidente busca criar factoide a partir de algo que não é real, não é verdadeiro”, ironizou o senador.
O tucano também alertou que a presidente está “muito preocupada” e precisa ter “serenidade”.
Após o discurso do senador tucano, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), subiu à tribuna para defender a presidente. “A fala dele vem tão somente demonstrar que o golpe foi sentido e, agora, precisa se justificar o tempo inteiro para a sociedade brasileira”.
O líder do PSDB na Casa rebateu em seguida: “Não há golpe quando você defende as instituições”, discursou o tucano Cássio Cunha Lima, senador pela Paraíba. (Danielle Cabral Távora)