Odebrecht bolivariana – De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a relação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empreiteira Odebrecht e o governo da Venezuela também foi alvo de um exame por parte da diplomacia norte-americana.
Um telegrama enviado em 7 de dezembro de 2006 pela embaixada dos EUA em Caracas para o Departamento de Estado fala sobre como o apoio do ex-presidente à campanha para a reeleição do venezuelano Hugo Chávez “poderia parecer um passo diplomático errado, mas realmente foi simplesmente um bom negócio”.
O apoio do petista ocorreu durante a inauguração da segunda ponte sobre o rio Orinoco, ligando os dois países naquele ano. As licitações foram vencidas pela empresa brasileira. “A ponte foi construída pela empresa de construção brasileira Odebrecht e financiada pelo banco de desenvolvimento do Brasil, BNDES”, afirma o telegrama. “Supostamente, ela custou à Venezuela entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,2 bilhão (supostamente 40% acima do orçamento) e planos já existem para uma ponte número 3”, alertou.
“Apesar de a Odebrecht ter também ‘vencido’ o contrato para a 3.ª ponte, pelo que sabemos não houve um processo de licitação”, ressaltam os americanos. No mesmo e-mail, a diplomacia dos EUA aponta como a Odebrecht também é a principal empresa nas obras das linhas 3 e 4 do metrô de Caracas.
Em novembro de 2007, outro telegrama voltava a falar das relações entre a Odebrecht e a diplomacia da Venezuela. Desta vez, o alerta havia partido do então senador Heráclito Fortes, ex-DEM e atualmente deputado pelo PSB do Piauí. No dia 5 de novembro, ele telefonou para o embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, para solicitar uma conversa “ao vivo” com o diplomata. “Ele pediu um encontro urgente para levantar um assunto que ele não poderia falar pelo telefone”, explicou o telegrama.
O assunto era a relação entre Venezuela, Irã, Rússia e o governo brasileiro, onde o senador explicaria no encontro com o embaixador que “a diplomacia oficial venezuelana é cada vez mais comercial, com enormes contratos para empresas como a gigante brasileira Odebrecht, que então faria lobby pela Venezuela”.