Prêmio de consolação – Ex-ministro do Planejamento (governo Lula) e das Comunicações (governo Dilma), Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) é um dos focos da décima oitava fase da Operação Lava-Jato, denominada Pixuleco II.
A nova operação da Polícia Federal investiga um esquema que rendeu R$ 50 milhões no rastro de empréstimos consignados e teve origem no Ministério do Planejamento no período em que a pasta esteve sob o comando de Paulo Bernardo (2005-2011).
Uma situação dessas levaria qualquer governo a tomar todas as cautelas, mas não é o caso do de Dilma Vana Rousseff, que cogita nomear o companheiro para diretoria-geral da Itaipu Binacional, a mais importante geradora de energia do País. Bernardo, se confirmado no cargo, receberá um dos maiores salários da República e estará à frente de um negócio que movimenta bilhões de dólares em manutenção e compra equipamentos.
A informação de que Paulo Bernardo comandará a Itaipu vem do colunista Ilimar Franco, que adianta que a nomeação do ex-ministro, apesar de toda suspeição que o petista enfrenta no contexto da Lava-Jato, está em fase avançada. Já teria passado pelo crivo da Casa Civil e do Ministério das Minas e Energia, dependendo apenas da assinatura da presidente Dilma Rousseff.
Bernardo vem frequentando as páginas de escândalos políticos desde o início da Operação Lava-Jato, sendo que em outubro do ano passado o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, denunciaram ter repassado R$ 1 milhão do Petrolão para Gleisi Hoffmann. O repasse foi feito a pedido de Paulo Bernardo, então ministro do Planejamento.
O ex-ministro também foi denunciado, pelo ex-deputado André Vargas Ilário, como tendo um relacionamento especial com o grupo Schahin, grande fornecedor da Petrobras. Vargas, que está preso em Curitiba no vácuo da Lava-Jato, também apontou a existência de uma ligação de Bernardo e de sua mulher, Gleisi Hoffmann, com a agência de publicidade Heads, dona de algumas das maiores contas do governo federal.
A Pixuleco II, deflagrada na última semana, atingiu o outrora “casal 20” Gleisi e Paulo Bernardo. Um dos alvos de buscas da Polícia Federal foi o escritório do advogado curitibano Guilherme Gonçalves, que recebeu R$ 7,2 milhões em honorários do esquema.
Quando o escritório de Gonçalves foi invadido pela Polícia Federal e a opinião pública tomou conhecimento dos polpudos honorários que ele recebia do esquema investigado pela Pixuleco II, Gleisi tentou desmentir qualquer relação mais profunda com o advogado. Alegou que só o conhecia pela militância no PT. Gonçalves é um petista fanático.
A alegação de Gleisi foi prontamente desmentida pelo próprio advogado, que afirmou manter uma longa relação profissional com o ex-ministro e sua mulher: “Atuamos na área de direito eleitoral para o PT. Eu advogo no direito eleitoral desde 1996. Advoguei nas campanhas da Gleisi, várias campanhas, não só na última. Foram demandas corriqueiras na área eleitoral”, disse Gonçalves. “Para o Paulo Bernardo advoguei pessoalmente em queixas crimes que propus como advogado dele”.