Quebra-cabeça – A semana que começa tem ingredientes de sobra para ser muito pior para Dilma Rousseff do que anterior, que foi marcada por um fôlego para a crise que chacoalha o Brasil, algo possível apenas porque os holofotes foram direcionados para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Nesta segunda-feira (24), a presidente da República conversa com o peemedebista Michel Temer, seu vice, que durante o encontro anunciará o fim de sua atuação como articulador político de um governo que a cada dia torna-se ainda mais perdido. Temer está enfrentando um processo de desgaste desde que assumiu a incumbência de melhorar o diálogo do governo com o Congresso Nacional, onde o PMDB lidera a chamada base aliada. Acontece que a própria Dilma tratou de desgastar Temer, depois que o vice declarou que era preciso alguém para unir o Brasil.
Ao aceitar a missão dada por Dilma, o vice-presidente da República se recusou a assumir a Secretaria de Relações Institucionais, pasta que em tese está no guarda-chuva da Casa Civil da Presidência, ainda comandada pelo petista Aloizio Mercadante, o irrevogável. Astuto como político, Temer de chofre rejeitou a possibilidade de se submeter ao mando de Mercadante, que vem força no núcleo duro do governo, a ponto de ter o cargo cobiçado por alguns companheiros de partido.
Aloizio Mercadante, que esperou oito anos para ser ministro e agora tenta pavimentar o terreno para ser candidato à Presidência da República em 2018, terá sérios problemas pela frente se for confirmada a saída de Temer da articulação política do Planalto. Isso porque o bombardeio parlamentar será mais uma vez direcionado à Casa Civil, onde o chefe [Mercadante] esbanja arrogância, prepotência e despreparo.
A grande questão que tira o sono de Dilma é a possibilidade de o PMDB se rebelar contra o governo, promovendo uma intifada definitiva no Congresso Nacional, onde a situação do Palácio do Planalto não é das melhores. Se a cúpula peemedebista decidir antecipar o congresso partidário marcado para novembro e optar pela independência em relação ao governo federal, Dilma terá trabalho extra para se manter no cargo, pois o acirramento da crise funcionará como combustível para eventual renúncia ou pedido de impeachment.
Nesse enxadrismo político que fica mais difícil com o passar do tempo, o enigma está mais precisamente na Câmara dos Deputados, onde o presidente da Casa, Eduardo Cunha, trabalha silenciosamente nos bastidores para garantir espaço para um pedido de impeachment da petista. Cunha nega que a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal no caso da Operação Lava-Jato não produzirá retaliações, mas sabe-se que esse discurso politicamente correto é para inglês ver e ouvir. Conforme apurou o UCHO.INFO, partidos e parlamentares aliados de Eduardo Cunha avançam na estruturação de um pedido de impedimento de Dilma.