Fora do tom – Com mais de seis horas de duração até o momento em que a presente matéria foi fechada, a sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, foi enfadonha e marcada por discursos ufanistas e politicagem barata.
A sessão que deveria avaliar a competência do indicado pela presidente da República para comandar o Ministério Público Federal foi transformada em palanque, no qual se alternaram criticas e acusações trocadas entre situacionistas e oposicionistas, como se o brasileiro desconhecesse a realidade da política nacional.
Paciente e firme em suas respostas, em especial as dirigidas ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), o procurador-geral mostrou ter paciência de sobra, pois muitos foram os absurdos vociferados por senadores que, a serviço de seus respectivos partidos e cumprindo ordens, transformaram a sabatina de Janot em uma quase ópera bufa.
O ponto alto das sandices que invadiram a sessão da CCJ ficou por conta da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que ousou dizer que no caso do Petrolão, por exemplo, os partidos políticos foram usados por corruptos e corruptores, sendo que o produto do crime sequer chegou aos cofres das legendas, mesmo que ilegal.
A parlamentar amazonense por certo não refletiu sobre a própria fala, pois é inaceitável que uma senadora da República finja desconhecer a realidade dos fatos e agarre-se a discurso tão desconexo, talvez de encomenda. No caso do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história moderna, a Operação Lava-Jato não apenas identificou a pilhagem de que foram alvo os cofres da Petrobras, mas mostrou que partidos políticos receberam dinheiro do esquema criminoso por meio de doações supostamente legais.
Querer impor à parcela incauta da sociedade esse tipo de pensamento é abusar da capacidade de raciocínio do cidadão, uma vez que a Lava-Jato, como um todo, tem demonstrado de forma clara e inconteste que a ladroagem tomou conta da política nacional.
A esquerda brasileira, que há muito se refestela no poder com a desenvoltura dos direitistas malandros, está sendo dragada com requintes de voracidade pela Operação Lava-Jato, o que explica a tentativa desesperada de Grazziontin de tentar salvar os companheiros de ideologia, pois o andar da carruagem aponta na direção de uma débâcle esquerdista sem direito a revisão.