Sol quadrado – A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desmontou o maior escândalo de corrupção da história, ainda tem capítulos pela frente, mas é preciso destacar que há de aumentar o calvário do ex-petista André Vargas Ilário, preso em Curitiba. Conhecido nas rodas políticas do Paraná como “Bocão”, alcunha que mescla as dimensões de sua boca com o apetite por negócios escusos, Vargas responde a processo por esquema envolvendo desvio de recursos públicos a partir da agência Borghi/Lowe, que detinha contratos com a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde graças à ingerência criminosa do então vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Os desdobramentos da Lava-Jato tendo Vargas na alça de mira enfocarão os negócios realizados pela empresa IT&, especializada na área de tecnologia da informação, e poderão trazer à tona um sem fim de escândalos, um deles envolvendo uma das maiores empresas de informática do planeta, com sede nos Estados Unidos, onde a lei anticorrupção é rígida e aplicada com todas as letras.
Se alcançado pelas garras da Polícia Federal, o sócio oficial de André Vargas na IT7 terá de revelar o que sabe a respeito dos contratos da empresa com o Ministério da Saúde e com a Caixa, caso queira responder ao processo em liberdade, ciente de que em algum momento será obrigado a contemplar o despontar do astro-rei de maneira geometricamente distinto. Ou seja, sol quadrado.
Contudo, o enigma maior desse imbróglio reside no setor Noroeste de Brasília, a mais nova região nobre da capital dos brasileiros. Lá, em um luxuoso, caro e espaçoso apartamento mora um empresário de nome Alceu, que há muito deixou de circular pela cidade com a desenvoltura e a soberba de sempre, apenas porque teme estar na mira da Polícia Federal.
Conhecido como Alceu, o tal empresário fujão continua ostentando muitos sinais de riqueza, o que obrigará a PF, em caso de cumprir mandado de busca e apreensão, alugar um “caminhão-cegonha”. Isso porque o sócio oculto de André Vargas guarda na garagem do nababesco edifício pelo menos quatro carros de luxo: um Porsche Cayenne, um Land Rover Evoque, uma camionete VW Amarok e um BMW, este último utilizado pela filha.
Sem contar que a PF terá de abrir espaço no pátio para abrigar a frota do alarife, cujo nome André Vargas não pode ouvir na cela que ocupa no Complexo penitenciário de Pinhais, na Grande Curitiba.