Canja de galinha – Presidente da Câmara dos Deputados e réu em processo decorrente da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) embarcaria para Milão nesta quinta-feira (1), mas a viagem oficial foi cancelada após o Ministério Público suíço enviar ao Brasil os autos da investigação em que o peemedebista é lavo por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Na quarta-feira (3), Cunha foi denunciado por um banco suíço por lavagem de dinheiro e ter valores congelados. De acordo com a investigação promovida por autoridades da Suíça, a conta tem como beneficiários o próprio parlamentar e familiares, tendo sido utilizada para receber propina do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história moderna.
Após visita à bela cidade de Milão, Cunha e uma comitiva oficial participariam, na capital italiana, Roma, do “Primeiro Fórum Parlamentar Itália – América Latina e Caribe”.
A decisão de Eduardo Cunha causou estranheza no meio político, principalmente porque suas viagens internacionais – seria a terceira desde que assumiu a presidência da Câmara, em 1º de fevereiro deste ano – tornaram-se famosas e alvo de muitas críticas.
Na mais recente, há pouco mais de um mês, para Nova York, o parlamentar viajou para participar da quarta edição da Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). No primeiro semestre, Cunha e grande comitiva, com direito à companhia das esposas, viajou para a Rússia e Oriente Médio.
Quem conhece a legislação suíça sabe que no caso de Eduardo Cunha a cautela foi providencial. Conhecido como um dos principais centros financeiros do planeta, a Suíça decidiu, não faz muito tempo, combater com rigidez crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e evasão de divisas.
O melhor exemplo dessa nova postura do Estado suíço diante de crimes financeiros é a operação que promoveu uma inimaginável devassa na FIFA, que resultou na prisão de conhecidos cartolas do futebol planetário, dentre eles o brasileiro José Maria Marin, preso desde o final de maio deste ano e prestes a ser extraditado para os Estados Unidos, berço da investigação.
Cunha pode alegar qualquer motivo (os vetos presidenciais é um deles) para justificar o cancelamento de sua viagem à Itália, mas a possibilidade de ser preso em território europeu certamente é a razão maior dessa repentina desistência. Até porque, mesmo sendo um dos principais alvos políticos da Operação Lava-Jato, que desmontou o esquema de corrupção que há uma década funcionava na Petrobras, Eduardo Cunha não tem vocação para ser Marin, apesar de estar na marca do pênalti.
