Banco suíço denunciou Cunha por lavagem de dinheiro e confirma que “congelou ativos” do deputado

eduardo_cunha_17Olho furacão – Após receber informe do banco usado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aponta suspeita de lavagem de dinheiro, o Ministério Público da Suíça iniciou uma ação criminal contra o parlamentar. Em comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira (1), em Berna, o governo suíço confirmou que congelou ativos e recursos do peemedebista em diversas contas e que está investigando o caso desde abril. O deputado afirma desconhecer o caso.

“O Escritório do procurador-geral da Suíça confirma que abriu um processo criminal contra Eduardo Cunha sob a base de suspeita de lavagem de dinheiro, ampliando em sequência para corrupção passiva”, indicou o Ministério Público suíço. “Em abril de 2015, a Procuradoria recebeu um informe de lavagem de dinheiro por um banco suíço”, revelou o escritório do procurador Michael Lauber.

A Suíça investiga pagamentos relacionados à Petrobrás desde março do ano passado e, durante meses, pediu que bancos entregassem à Justiça detalhes sobre dezenas de contas. Até agora, mais de 300 delas já foram identificadas e bloqueadas.

No caso do presidente da Câmara, a confirmação veio justamente do informe de um banco, que não teve seu nome revelado. “Depois de abrir um processo, os ativos de Eduardo Cunha foram congelados”, confirmou a Suíça. O banco ainda encontrou “disparidades” entre a renda do deputado declarada e os valores transferidos, além de registrar que parte dos depósitos vinha de contas que já estavam sendo rastreadas.

Sob pressão da Justiça, mais de 30 bancos suíços passaram a colaborar desde meados de 2014 no caso, entre eles o Julius Baer, Pictet, Cramer, HSBC e outros de grande porte. Berna chegou a alertar que o “caso Petrobrás” teve um importante impacto na praça financeira suíça e revelou a fragilidade dos controles dos bancos em identificar a origem do dinheiro.

A Suíça também indica que decidiu transferir a investigação sobre o caso para o Brasil, sob a justificativa de que não faria sentido manter a ação diante da impossibilidade de pedir a extradição do brasileiro. Entretanto, insiste que a meta da transferência do caso é a de permitir que o deputado seja investigado e julgado no Brasil.

Outro fator-chave foi a pista dada por operadores do esquema na Petrobrás. Os suíços abriram investigações criminais contra os lobistas Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano” e João Augusto Henriques, apontados como operadores do PMDB no esquema na estatal petrolífera. Conforme as autoridades suíças, o foco é o presidente da Câmara, já que Baiano e Henriques mencionaram Cunha nas investigações da Operação Lava-Jato.

O peemedebista ainda está sendo investigado na Suíça por corrupção e lavagem de dinheiro. Obras na África teriam alimentado a conta, de acordo a suspeita da Justiça.

Após uma semana de negociações entre os Ministérios Públicos suíço e o brasileiro, os dados da conta secreta que teria Cunha como beneficiário foram repassados ao Brasil no meio da semana, assim como os detalhes de quem fez depósitos.

O valor dos ativos de Cunha no exterior ainda não foi revelado. Mas os suíços passaram a examinar com cuidado os dados dos depósitos depois que ficou claro que o deputado aparecia como “beneficiário” de uma das contas. Conforme os investigadores suíços, a manobra é normalmente usada por quem tenta esconder algo da Justiça.

No total, a Suíça anunciou a existência de US$ 400 milhões bloqueados em mais de 300 contas do país. Mais de US$ 150 milhões já estão autorizados a retornar ao Brasil. No caso de Cunha, porém, o dinheiro bloqueado será devolvido apenas se o deputado aceitar sua entrega aos cofres públicos brasileiros ou se for condenado em última instância no País. O processo pode levar anos.

Os rastros do dinheiro foram encontrados em uma cooperação entre os procuradores do Brasil e da Suíça. A busca começou pelas informações prestadas pelos operadores do PMDB, assim como por ex-funcionários da Petrobras.

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