(*) Paiva Netto –
O vírus Influenza A (H1N1), que preocupa as autoridades mundiais, não deve ser ignorado por ninguém. Atentemos ao que sobre ele tem falado os órgãos competentes que trabalham por impedir sua disseminação. O alto desenvolvimento científico e tecnológico alcançado pela humanidade é imprescindível nessa batalha. Entretanto, por força também do progresso, viajantes circulam pelo planeta com maior facilidade e constância, o que os deixa mais vulneráveis à transmissão de doenças.
O Rio Grande do Sul registrou a primeira vítima fatal no Brasil — um gaúcho de 29 anos, que faleceu na manhã de 28/6 de insuficiência respiratória.
Diante da crescente onda de contágio, o ministro da Saúde, dr. José Gomes Temporão, vem aconselhando não se deslocar para áreas de risco. Argentina, Chile, Canadá, Estados Unidos e México são destinos a serem evitados.
Segundo ele, trata-se apenas de uma recomendação. Como ainda não há, por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), restrições de viagens aos referidos locais, o governo não pode limitar o ir-e-vir simplesmente. Outro fator importante é o cuidado redobrado que mulheres grávidas, pacientes soropositivos, com câncer e/ou baixa imunidade, crianças menores de 2 anos e idosos com 60 anos ou mais devem ter. As recomendações da Vigilância Sanitária continuam valendo e o monitoramento em todo o país prosseguirá.
Enfrentando o vírus H1N1
Em entrevista ao programa “Viver é Melhor”, na Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o infectologista, professor e pesquisador da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) Alexandre Piva falou-nos sobre o vírus H1N1. Quando indagado sobre qual a correta denominação para esse vírus que, a partir do México, tem causado grande alarme em todo o mundo, a ponto de a OMS decretar o grau 6 de pandemia, pontuou: “Achei um tanto quanto precipitado o nome ‘gripe suína’, porque ela seria importante no começo da sua epidemiologia, dos primeiros casos que vieram de pessoas que tinham proximidade com porcos. A preocupação, agora, não é mais com os suínos, porque já há contágio de pessoa para pessoa, fazendo com que esse vírus tenha uma característica pandêmica. Seu nome correto é H1N1”.
Diante do grau elevado de patogenicidade do vírus, o Dr. Alexandre comentou que estava mais preocupado no começo da epidemia. Porém, esclareceu que não se pode baixar a guarda: “Tem de se continuar com todas as medidas de vigilância, nos aeroportos, nos portos. Mas estou menos pessimista do que antes, porque o índice de mortalidade, nos primeiros casos, era muito alto. Então, diante do número de pessoas acometidas pelo vírus, existia um alto índice de mortalidade, variando entre 6% e 8%. E hoje é registrado um índice de mortalidade igual ao da gripe sazonal, aquela de todos os anos”.
Sobre a necessidade de uma vacina para controle dessa pandemia, o infectologista informou que as autoridades estão se mexendo: “Acredito que se deva ter uma vacina em seis a oito meses. Por que demora um pouquinho? Porque você tem de conhecer todo o material genético do vírus para poder produzir uma vacina. Agora, com relação a tratamento, temos remédios eficazes, que estão centralizados com o Ministério da Saúde. E acho muito bom que seja assim, senão cada pessoa vai começar a tomar remédio desnecessariamente e daqui a pouco vamos obter um vírus resistente a esse remédio”.
Na oportunidade, apresentou à população algumas formas efetivas de enfrentamento no combate ao vírus: “O que tem evidência científica, que realmente funciona, seria evitar aglomerações. Uma providência extremamente eficiente é lavar as mãos com frequência. Outra coisa que também é efetiva, mas não sei se a gente vai conseguir modificar, pois é uma cultura, é o cumprimento com abraços e beijos; numa eventualidade dessas, é melhor evitar o contato físico”.
Eis aí. Com os devidos cuidados somados à colaboração de sociedade e governo, poderemos conter ou, pelo menos, reduzir o alcance desse vírus.
(*) José de Paiva Netto é jornalista, radialista, escritor e presidente da Legião da Boa Vontade – LBV.
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