Financiamento de campanhas internas da Câmara passou pelo esquema do doleiro Youssef

alberto_youssef_02Roda da fortuna – Em sua penúltima edição (4 de junho), a revista Veja trouxe interessante reportagem sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Na matéria “Sindicato do Crime”, a publicação listou os nomes de sete deputados, um assessor ministerial e dois mensaleiros que aparecem na lista de frequentadores do escritório do doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba.

Entre os assíduos visitantes de Youssef que tiveram os nomes registrados na portaria do prédio e foram filmados pelas câmeras de segurança estão pelo menos cinco integrantes do Partido Progressista, o PP, que declarou apoio ao projeto de reeleição de Dilma Rousseff, enquanto que em São Paulo a legenda se juntou à campanha do petista Alexandre Padilha. São eles: Aline Corrêa, Pedro Corrêa (condenado na Ação Penal 470 e preso por determinação do STF), Mário Negromonte (ex-ministro das Cidades), Arthur Lira (deputado federal por Alagoas), Nelson Meurer (deputado pelo Paraná) e João Pizzolati (deputado por Santa Catarina).

Fora esse sexteto do PP, outros parlamentares estão na lista dos que mantiveram relações nada republicanas com Alberto Youssef: Fernando Collor de Mello (PTB), André Vargas (sem partido, ex-PT) e Luiz Argôlo (SDD). No rol de encrencados também constam os nomes de José Borba e de João Cláudio Genu, ex-assessor parlamentar do PT e então “homem de confiança” do finado José Janene, o “Xeique do Mensalão”.

Outro que foi flagrado entrando e saindo do bunker de Youssef é o advogado paranaense João Graça, ex-assessor especial do Ministério do Trabalho. Filiado ao PDT e gozando da confiança do atual ministro do Trabalho, Manoel Dias, e do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, o ex-assessor, que recentemente teve o nome envolvido em escândalos, foi coordenador da campanha de Osmar Dias ao governo do Paraná, em 2006, quando o pedetista perdeu a disputa para o então governador Roberto Requião. Graça desligou-se do Ministério do Trabalho de maneira muito rápida e sem explicação.

O grande detalhe nessa romaria de políticos e assessores ao escritório de Alberto Youssef não está apenas na caixa forte do doleiro preso pela PF, mas em outro local que funcionava como ponto avançado de pagamentos. Um escritório localizado na Avenida São Gabriel, na Zona Sul da cidade de São Paulo e a poucas quadras do bunker de Youssef, também era visitado rotineiramente por políticos de várias legendas, inclusive e principalmente do Partido Progressista, sempre a mando dos caciques da legenda.

Funcionando em um prédio que não chama a atenção, no bairro do Itaim Bibi, o tal escritório serviu para viabilizar recursos financeiros para muitas ações políticas do PP, inclusive dentro do Congresso Nacional, como, por exemplo, as campanhas de alguns integrantes do partido às mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Para que o leitor entenda como funciona o Congresso Nacional, um cargo em qualquer das mesas diretoras pode custar alguns milhões de reais, dinheiro gasto na campanha e também na compra de votos.

Quantias elevadas saíram desse posto avançado de pagamento que Alberto Youssef mantinha nas proximidades do seu escritório. Os repasses, sempre em dinheiro vivo, chegavam a Brasília nas bagagens de mão de parlamentares, que viajavam, como sempre, financiados pelo suado dinheiro do contribuinte.

No caso de decidir ampliar e aprofundar as investigações, a Polícia Federal chegará com facilidade a mais algumas dezenas de nomes de parlamentares envolvidos no esquema de desvio de recursos e lavagem de dinheiro comandado por Alberto Youssef. Há pelo menos mais cinco dezenas de políticos que frequentavam com regularidade os escritórios que integravam a estrutura criminosa do doleiro da Lava-Jato.

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