Gasto de Dilma em NY é nada se comparado ao descaso em relação ao terrorismo e à economia

Lado do avesso – O noticiário desta quinta-feira (26), na rede mundial de computadores, tem um assunto em destaque. O hotel de Nova York onde se hospedou a presidente Dilma Vana Rousseff, que participou da abertura da 68ª Assembleia-Geral da ONU e de evento para investidores organizado pelo banco Goldman Sachs. Os internautas estão indignados com a diária de R$ 22 mil referente à suíte ocupada pela presidente no elegante e caro Hotel St. Regis, o que de fato é um descalabro, mas esse é o problema menor da viagem da petista aos Estados Unidos.

Pela importância do cargo, o valor da diária é irrisório se a passagem por Nova York tivesse sido exitosa. Mas não foi isso que aconteceu, pois Dilma abusou da falta de bom senso nos dois eventos. Na ONU a presidente brasileira usou boa parte do seu discurso para criticar as denúncias de espionagem por parte do governo norte-americano, assunto que deveria ser tratado na esfera diplomática. Até mesmo os servidores do Itamaraty mais à esquerda pensam de maneira idêntica. Uma das máximas do Direito explicita que o ônus da prova cabe ao acusador, não ao acusado. Longe de querer defender a violação da soberania, o ucho.info entende que um assunto tão delicado exige habilidade e, acima de tudo, um incontestável conjunto probatório. Sem isso fica o dito pelo não dito.

Como já noticiamos, a presidente cometeu um grande equívoco ao afirmar, em suas críticas aos EUA, que o Brasil condena a prática do terrorismo e muito menos dá abrigo a terroristas. Não é essa a realidade que vivemos no País, porque entre o discurso e a prática há uma enorme distância. Há no território brasileiros diversos terroristas, espelhados do Oiapoque ao Chuí, sendo que muitos deles chegaram sorrateiramente nos últimos dois anos por causa de grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Fora isso, o Brasil abriga diversos representantes das Farc, sediados, em sua maioria, nas favelas cariocas, de onde controlam o rentável e criminoso tráfico de entorpecentes.

A declaração da presidente acerca do terrorismo e de terroristas cai por terra quando se acessa o conteúdo da palestra que teve lugar na Câmara dos Deputados em 19 de setembro passado. Durante o evento, o policial legislativo federal Marcus Reis, especialista em terrorismo, externou sua preocupação. “O terror atua de forma descentralizada, até por causa da globalização. Essas organizações estão buscando o que a gente chama de invisibilidade diante das políticas, já estão em redes e são totalmente descentralizadas. O Estado tem que aprender a combatê-las assim. Depois de Munique, o Brasil não pode alegar inocência e dizer que não sabia. A gente sabe e conhece: são ameaças”, disse.

Em outro vértice da discussão, mas na mesma direção em termos de preocupação, está o brasileiro Hussein Ali Kalout, representante de um centro norte-americano de assuntos internacionais. Kalout reconhece que os agentes da inteligência e das Forças Armadas brasileiras são extremamente competentes, mas o baixo investimento é preocupante. “O material humano é do mais alto calibre. O problema é que para se ter uma política de contraterrorismo é preciso de investimento, treinamentos e equipamentos modernos. Será que vamos ter capacidade de investir pesadamente nisso? Os Estados Unidos partiram para um orçamento megabilionário e, com isso, consegue-se fazer trabalho em campo, infiltrar pessoas, mandar pessoas para o exterior para mapear os grupos e saber por que e como agem”, disse Hussein.

A declaração de ambos os especialistas é facilmente comprovada pelo atentado ocorrido na Maratona de Boston, apesar de todo o aparato norte-americano de espionagem e de ações oficiais contra o terrorismo. Nenhum país está livre desses malfeitores e por isso o governo brasileiro deve, sem deixar de buscar respostas e soluções para a eventual bisbilhotice cibernética ianque, usar o episódio como divisor de águas e ponto de partida de uma política efetiva de proteção das comunicações oficiais.

Deixando de lado as questões do terrorismo, Dilma adotou uma postura equivocada diante de eventuais interessados em investir no Brasil. Só faltou a presidente implorar para que os empresários tirassem os tostões do bolso e despejassem na infraestrutura brasileira, por exemplo, um dos mais carentes setores nacionais. A situação tornou-se ainda mais vexatória quando Dilma desdenhou o nível de conhecimento desses investidores sobre a realidade brasileira. Foi no mínimo irresponsabilidade afirmar que o Brasil respeita contratos e dizer que o segmento de infraestrutura é altamente lucrativo. Fosse assim, o leilão da BR-262 não teria sido marcado pelo fracasso.

O descrédito que ronda o governo brasileiro ficou evidente no preâmbulo do leilão do Campo de Libra, da Bacia de Santos. O Palácio do Planalto esperava a participação de pelo menos quarenta empresas, mas apenas onze pagaram a taxa no valor de R$ 2 milhões exigida dos interessados. Para piorar, as quatro maiores petroleiras do planeta desistiram de participar do primeiro leilão da camada pré-sal, o que mostra que a suposta espionagem na Petrobras pode não ter ocorrido.

Algumas das informações acima não são novidades, mas mostram o desespero que se abateu sobre um governo paralisado e operado por incompetentes, que insistem em não reconhecer o fiasco que se agiganta a cada dia.