A defesa de Luiz Inácio da Silva continua empenhada em evitar a prisão do lobista-palestrante em decadência, chegando ao ponto de, como noticiado, ter recorrido ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra. Para tanto, o petista contratou o caro e renomado advogado Geoffrey Robertson (à direita na foto), australiano especialista em direitos humanos que mantém escritório no Reino Unido.
Robertson alega que no caso de Lula houve violação dos direitos humanos e abuso de poder por parte do juiz Sérgio Moro, e também dos procuradores da Operação Lava-Jato, quanto à divulgação das gravações dos diálogos telefônicos nada republicanos do petista com algumas autoridades e “companheiros”. Nessas conversas, Lula não escondeu sua disposição de obstruir os trabalhos da Justiça para escapar de eventual mandado de prisão.
“Lula teve sua privacidade escandalosamente invadida, seu advogado foi grampeado, de sua família, o dele, e as transcrições das interceptações foram divulgadas para a mídia poder se deleitar. Isso é errado e contraria regras básicas de proteção à privacidade”, disse Geoffrey Robertson.
Robertson pode agarrar-se a qualquer teoria, desde que não fuja da coerência. O novo advogado de Lula para causas impossíveis tem na sua lista de clientes figuras polêmicas, como Salman Rushdie (Versos Satânicos) e Julian Assange (Wikileaks).
Tomando por base o caso de Julian Assange, criador do Wikileaks, o advogado de Lula posiciona-se de forma incoerente. Se Assange não agiu ilegalmente ao vazar informações confidenciais de muitos famosos e poderosos ao redor do planeta, Robertson não pode afirmar que em relação a Lula o juiz da Lava-Jato contrariou as “regras básicas de proteção à privacidade”.
É sabido que na advocacia por vezes dá-se uma no cravo, outra na ferradura, mas perder a coerência tão facilmente cheira a oportunismo misturado com ganância. Cada um sabe como precificar o próprio trabalho, desde que o vil metal que entra no bolso não seja fruto de um discurso pretérito rasgado com facilidade.
Sobre a afirmação de que a divulgação das transcrições das gravações fez o deleite da imprensa, Geoffrey Robertson deveria saber que os veículos de comunicação são importantes guardiões da democracia, assim como dos direitos humanos. Porém, novo defensor de Lula não pode confundir direitos humanos com leniência diante de um corrupto contumaz que continua acreditando estar acima da lei e de todos.
Ademais, Lula deve explicações, pois além de contar com a experiência profissional de Geoffrey Robertson, o que deve ter custado um bocado de dinheiro, o petista contratou dezoito juristas internacionais, de diversos países, para juntar pareceres ao recurso apresentado à ONU. No caso em questão inexiste espaço para a chamada advocacia “pro bono” (para o bem), até porque o currículo do contratante fala por si.
Considerando que, segundo a Polícia Federal, as supostas ações de lobby e as misteriosas palestras serviram para camuflar dinheiro de propina, Lula está sem recursos de boa origem para contratar um advogado cinco estrelas e dúzia e meia de juristas dos bons. Como não há notícia de que no Brasil tenha ocorrido um milagre da multiplicação, alguma coisa errada existe nessa epopeia lulista.