Petrolão: Nestor Cerveró é preso pela PF ao desembarcar em aeroporto do Rio de Janeiro

nestor_cervero_03Sol quadrado – A Polícia Federal prendeu nos primeiros minutos desta quarta-feira (14) Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Cerveró foi preso ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, sob a acusação de envolvimento no esquema de corrupção que há anos funcionava em algumas diretorias da estatal e foi desbaratado pela Operação Lava-Jato, em março de 2014.

O ex-diretor, que nos depoimentos prestados no Congresso Nacional negou qualquer vínculo com o esquema criminoso, é acusado de corrupção, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, delitos praticados entre 2006 e 2012, de acordo com denúncia aceita pelo juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelos processos decorrentes da Lava-Jato. Foi a última denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal na esteira da Operação Juízo Final, sétima fase da Operação Lava-Jato.

Além de Cerveró, passaram a ser réus no processo o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção na estatal; e Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal. A Justiça também aceitou denúncia contra o doleiro Alberto Youssef, que tornou-se réu em outras ações.

De acordo com o MPF, Fernando Baiano e Nestor Cerveró são suspeitos de receber US$ 40 milhões de propina nos anos de 2006 e 2007 para intermediar a contratação de navios-sonda utilizados pela Petrobras na perfuração de poços de petróleo localizados em águas profundas na África e no México. Segundo a denúncia, Fernando Baiano era representante de Nestor Cerveró no esquema.

Na avaliação do juiz Sérgio Moro, o MPF reuniu provas documentais em número suficiente e que respaldam as afirmações feitas nas denúncias. O conjunto probatório levantado pelos procuradores da República não deixa dúvidas a respeito do envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sonda e nas dezenas de transações financeiras detalhadas em depoimentos das delações premiadas firmadas até agora. As transações referem-se a pagamento de propinas e lavagem de dinheiro desviado dos cofres da Petrobras.

Entre os muitos documentos que embasaram a denúncia do MPF, extratos bancários demonstram as transações efetuadas para contas indicadas por Fernando Baiano. “Foram também juntados documentos relativos aos pagamentos efetuados pelas empresas de Júlio Camargo no Brasil”, afirmou o juiz Moro. Nestor Cerveró e Fernando Baiano respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Júlio Camargo, por sua vez, responderá, nesta ação, pelos mesmos crimes imputados a Cerveró e Baiano, mas também por evasão de divisas e fraudes em contratos de câmbio. O doleiro Alberto Youssef responderá apenas por lavagem de dinheiro, no processo específico.

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