A União Europeia decide ajudar os países do Leste Europeu a lutar contra a crise

    (*) Fátima Pimenta

    O Leste Europeu não é um país, razão pela qual uma proposta húngara de lançar um plano de salvação financeira de 180 bilhões de euros destinados aos antigos membros do bloco comunista foi rejeitada, informalmente, pela União Europeia, domingo 1º de março. Os chefes de Estado e de governo preferiram lembrar, ao contrário, os princípios fundamentais da solidariedade da União. De qualquer forma é a União que suportaria a essência deste peso financeiro. Afastando os projetos de salvação global, foi ressaltada a importância e a necessidade de tratar cada país, caso por caso, o que não diminuirá a fatura final, mesmo que seja difícil entender como os húngaros conseguiram chegar a um valor de 180 bilhões. Mas o fato é que o conceito do leste europeu perdeu muito de sua pertinência. No coração da crise dos antigos países comunistas se encontram algumas causas comuns. As conseqüências de altos déficits na balança de pagamentos foram dramaticamente agravadas por sistemas financeiros situados em bancos estrangeiros baseados em moedas locais, como o euro ou o franco suíço. Portanto, sob uma ótica generalizada, aparecem diferenças locais significativas. É o exemplo da Polônia, que não admite políticas de orçamentos laxistas, ou seja, com tolerância excessiva. Ou ainda, como na República Tcheca onde os empréstimos em moedas estrangeiras são proibidos.
    Qualquer que seja o caso, o conjunto da zona se orienta em direção a uma brutal situação de decadência econômica, e a Europa ocidental pagará o maior preço, nem que seja pelo motivo o qual seus bancos emprestaram alguns 1.300 bilhões de euros aos antigos países comunistas. Um plano global poderia parecer um caixa de ajuda automático, com direito garantido de sorteio para o país em dificuldades. A comissão européia perderia toda a sua credibilidade, se ela fosse responsável por coordenar tal ajuda, pois os grandes países já suspeitam de falta de vigor diante dos novos países aderentes.
    Ora, um programa de ajuda deveria ser acompanhado de condições rigorosas. Os sacrifícios deveriam ser divididos entre aqueles cuja política irresponsável conduziu a economia à situação atual, e aqueles países ocidentais que fizeram de tudo para encorajar esta irresponsabilidade.
    O Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de seus defeitos, teria ao menos a credibilidade que se atribui aos “pais severos”, mesmo que o capital essencial seja de origem européia. Certo é que os países do leste europeu que precisam, serão ajudados, visto que não há outra saída, mas eles terão que pagar o preço de volta. Resta saber quando e em que contexto.