Encurralado, Sarney faz nova promessa

Senado, uma crise de todos –

Nervoso e sem conseguir concluir algumas frases, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltou a socializar a crise da Casa na entrevista coletiva que deu hoje pela manhã. O cacique político foi obrigado a dar explicações, depois que a “Folha de S.Paulo” publicou declarações de um servidor de que atos administrativos eram guardados em pastas e publicados de acordo com a conveniência de diretores de confiança da presidência do Senado.
As afirmações do funcionário da Secretária Especial de Recursos Humanos do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim, contradizem a versão do ex-diretor geral Agaciel Maia e de José Sarney de que a existência dos atos secretos se trata de “erro técnico”.
Sem anunciar medidas enérgicas, cobradas inclusive por um grupo de senadores, Sarney deixou a proposta de demissão do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, para ser discutida com a Mesa Diretora da Casa e com os líderes partidários na próxima terça-feira. Para empurrar a crise com a barriga, o presidente do Senado determinou a instalação de uma comissão de sindicância, que será acompanhada por um representante do Ministério Público e outro do Tribunal de Contas da União.
Como informou a Agência Senado, o grupo irá investigar denúncias feitas por Paes Landim – responsável pela publicação do Boletim Administrativo do Senado – de que atos sigilosos, não publicados, ocorriam por determinação superior, dos ex-diretores Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi. “Se houver culpados, eles serão punidos”, desconversou Sarney.
Os diretores foram responsáveis por assinar os atos secretos editados nos últimos 14 anos no Senado. “Várias pessoas participaram, todos têm responsabilidade, se é verdade o que está sendo denunciado. Não podemos fazer nenhum pré-julgamento, para isso existe a comissão de sindicância. Eu não estou dizendo que o servidor é o único responsável”, discursou o presidente do Senado.