Na reestreia dos trabalhos legislativos, Congresso serviu de palco para mentiras várias

Perna curta – No primeiro dia da nova legislatura sobraram discursos mentirosos no Congresso Nacional. E as falácias não partiram dos novatos, mas de velhos e conhecidos políticos. Escolhido para presidir o Senado Federal pela quarta vez, em uma eleição de faz de conta e com cartas absolutamente marcadas, o maranhense José Sarney, eleito senador pelo PMDB do Amapá, disse que este é o seu último mandato como comandante da Câmara Alta. Discurso vociferado tempos atrás, mas que não se confirmou. O palavrório mambembe de José Sarney pode ter uma explicação. Sem a sua tutela e influência o clã que domina a política do Maranhão há mais de cinco décadas pode desaparecer, pois a segunda geração de coronéis da Praia do Calhau não tem o mesmo traquejo que o marechal do totalitarismo exibe nos bastidores.

A outra promessa requentada e impossível de José Sarney contemplou mais uma vez a reforma política. Sarney quer, em sua derradeira gestão como dirigente-mor do Senado Federal, promover aquilo que há décadas o povo brasileiro espera pacientemente. Para provar que a promessa cairá no buraco negro do esquecimento, o líder do PMDB no Senado continua sendo o alagoano Renan Calheiros, que em passado recente se envolveu em escândalos que quase lhe tomaram o mandato, não fossem os espúrios acertos de coxia.

Na outra ponta do Congresso, o petista Marco Maia, eleito para presidir a Câmara dos Deputados nos próximos dois anos, disse que seu desejo é dar independência à Casa legislativa, fazendo com que saia de cena o grupelho que, sempre obediente, referenda as decisões palacianas que desde 2003 têm empurrado o Brasil rumo a uma ditadura civil. Acontece que Marco Maia, político que reza pela cartilha do PT, foi eleito com a ajuda do rolo compressor do Palácio do Planalto, que sob a direção de Dilma Rousseff atropela sem fazer estardalhaço.

No calendário do folclore o Dia da Mentira é comemorado em 1º de abril, mas quando há políticos no enredo até uma data pode ser mudada. Especialmente se a mudança for para homenagear a mitomania.