Resistência da inflação nos próximos meses pode obrigar Planalto a novo aperto orçamentário

Pé no freio – O quadro inflacionário não deve apresentar recuo nos próximos meses. Pelo menos é essa a interpretação do Banco Central, que nesta quinta-feira (10) divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocasião em que a taxa básica de juros (Selic) foi majorada para 11,75% ao ano.

Segundo especialistas do mercado financeiro, o documento mostra que o BC pode suavizar levemente o aperto monetário, alívio que será substituído por outras medidas de combate à inflação.

Entre os pontos de destaque da ata do Copom o principal deles concentra-se no parágrafo 31: “Em um cenário alternativo, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente; e a trajetória de juros coletada pelo Gerin, a projeção de inflação se encontra acima da meta em 2011 e ligeiramente abaixo em 2012. Ao se considerar esse cenário alternativo e as perspectivas de desaceleração da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, entre outros fatores, a eventual introdução de ações macroprudenciais pode ensejar oportunidades para que a estratégia de política monetária seja reavaliada”.

Para o Banco Central, a inflação deve perder força no ultimo trimestre do ano. Até lá, o governo da presidente Dilma Rousseff terá de conviver com esse fantasma econômico, que pode crescer caso o preços das commodities subam no mercado internacional, em especial as agrícolas. Como medida de combate à inflação, o Palácio do Planalto pode aumentar ainda mais os cortes no orçamento da União, o que inviabilizaria projetos essenciais como a Emenda 29, que prevê mais recursos para a área da saúde. Com isso, a volta da malfadada CPMF ganha força, principalmente porque o governo federal não quer arcar com mais despesas no setor.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já sinaliza com a possibilidade de retorno da CPMF, que ressurgirá com o nome de Contribuição Social para Saúde (CSS), mas quer que o Congresso Nacional tome a iniciativa de colocar a matéria em discussão. No contraponto, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que nesse caso não cabe ao Congresso tomar qualquer iniciativa. Enquanto isso, o Brasil padece nas filas dos hospitais.