Volúpia arrecadatória do Estado avança sobre o bolso do contribuinte e impostos batem novo recorde

Carga estratosférica – A arrecadação de todos os impostos (federais, estaduais e municipais) deve chegar à marca de R$ 800 bilhões, amanhã, sexta-feira (22). É o que mostrará o Impostômetro, ferramenta criada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e mantida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no centro da capital paulista. De acordo com ambas as entidades, esse patamar de receita será alcançado com 31 dias de antecedência em relação a 2010.

O presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato, entende que o fato de o Impostômetro atingir a marca de R$ 800 bilhões um mês antes do que no ano passado não surpreende. “Em todos os meses deste ano a arrecadação de impostos do governo federal bateu recordes, e os dados do semestre divulgados pela Receita Federal mostram crescimento real de 12,7%, com um aumento de R$ 77,068 bilhões sobre 2010; é de se lamentar que um incremento tão expressivo da arrecadação fiscal não esteja sendo utilizado para a eliminação do déficit público ou para a realização de investimentos indispensáveis”, diz Amato.

Por isso, o coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, prevê que a arrecadação em 2011 chegará a R$ 1,4 trilhão, cerca de R$ 200 bilhões a mais do que a dos doze meses de 2010. O IBPT calcula que a carga tributária atingiu 35,04% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado – o resultado oficial ainda não foi divulgado. Para 2011, o instituto espera um avanço ainda maior. Se a economia crescer 4%, conforme o esperado, e o total das receitas atingir R$ 1,4 trilhão, a carga tributária chegará a 36,6% do PIB neste ano.

“Em tudo o que fazemos, desde o momento em que acordamos, estamos pagando impostos. O sistema tributário brasileiro está excessivamente moldado para tributar o consumo. Nos países desenvolvidos, ocorre o inverso, tributa-se menos o consumo e mais a renda e o patrimônio”, explica Amaral. Frente a este cenário, o governo ensaia mais uma tentativa de reformar o sistema tributário. A proposta da equipe econômica é implementar aquela que o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, chamou de “reforma fatiada”.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, por exemplo, acredita que a desoneração da folha de salários em todos os setores pode prejudicar as finanças públicas, motivo pelo qual uma solução, na sua opinião, é começar a retirada dos tributos pela indústria. “Se a desoneração atingir todos os setores, o impacto [nas contas públicas] seria de R$ 90 bilhões. Se a medida ficar só na indústria, esse prejuízo seria menor [R$ 18 bilhões], o que facilitaria para o governo”, justificou. Com informações do Diário Comércio e Indústria.

O Brasil continua na liderança do campeonato mundial de exportação de impostos. Uma carga cada vez mais pesada para o bolso dos pobres mortais brasileiros que não mamam nas tetas de governos.