Endurecimento de lei contra usuários de drogas será inócuo se o governo não patrulhar as fronteiras

Muito para pouco – O Brasil deixa de avançar como nação por causa não apenas pela incompetência declarada dos atuais governantes, mas pela mente obtusa dos políticos que, instalados no parlamento, fazem leis que muitas vezes servem para nada.

Deputado federal pelo PMDB gaúcho, Osmar Terra é autor do projeto de lei que prevê penas mais rígidas para os que foram pegos com drogas e internação compulsória dos usuários. A proposta, que já foi referendada na Comissão Especial do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, tem grandes chances de ser aprovada no plenário da Câmara, em fevereiro próximo, informa a jornalista Carolina Benevides, de “O Globo”.

Usuários e pequenos traficantes que cometem crimes para manter o próprio vício é um problema social, não de polícia, que terá de atuar para que as tais penas mais duras sejam aplicadas de acordo com o que determina a legislação vigente. O alvo a ser combatido são os grandes traficantes que controlam o narcotráfico nas grandes cidades brasileiras, mas esse tipo de ação dificilmente ocorrerá, pois esses transgressores da lei não só corrompem autoridades, como contribuem financeiramente para eleger alguns políticos. E há na história brasileira um punhado de políticos eleitos pelo tráfico.

De nada adianta criar leis para conter o uso de drogas, se o governo federal finge que patrulha as fronteiras brasileiras. Esse descaso, que permite o tráfico de entorpecentes e o contrabando de armas, é combinado, pois as duas mencionadas atividades criminosas são a única fonte de renda das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que integram o perigoso Foro de São Paulo, do qual também é signatário do Partido dos Trabalhadores, além de outros partidos e organizações de esquerda da América Latina.

O endurecimento da lei, que de acordo com Osmar Terra é o que a sociedade brasileira deseja, poderá funcionar nos primeiros meses de vigência, mas servirá apenas para tornar mais caro o vício dos dependentes químicos. o que deve favorecer o aumento dos pequenos crimes, que na maioria das vezes funcionam como a cornucópia do viciado.

Antes de apresentar a tal proposta, o deputado gaúcho deveria ter cobrado do Palácio do Planalto uma ação efetiva nas fronteiras e de combate aos barões da droga que atuam livre e impunemente no País.