Tiroteio entre o governo do PT e Marta Suplicy é cortina de fumaça para a incompetência palaciana

marta_suplicy_36Coisa de doido – A cada página virada do calendário fica evidente que a política é a arte da malandragem com uma miscelânea de interesses pessoais e partidários. Quando deixou o desgoverno da reeleita Dilma Vana Rousseff, a então ministra da Cultura e senadora Marta Suplicy (PT-SP) não poupou o Palácio do Planalto de críticas variadas, começando pela equivocada política econômica. Marta sequer esperou a escolha dos ministros do novo governo para dizer adeus.

No último domingo (11), em entrevista à jornalista Eliane Cantanhêde, do jornal “O Estado de S. Paulo”, depois de semanas de ataques ao governo, Marta Suplicy fez graves acusações ao seu substituo na pasta da Educação, o também petista Juca Ferreira. A senadora acusou o novo ministro de irregularidades em um contrato no valor de R$ 105 milhões firmado com a Sociedade Amigos da Cinemateca. Juca Ferreira foi ministro da Cultura no governo Lula.

Com um pé fora do Partido dos Trabalhadores e de olho na prefeitura paulistana, Marta busca um razão convincente para justificar sua saída do partido sem a perda do mandato, o que depende da chancela da Justiça Eleitoral. Por conta disso, Marta Suplicy enviou à Controladoria-Geral da União (CGU) documentos que comprovariam as irregularidades no contrato entre a Cinemateca e a Sociedade dos Amigos da Cinemateca.

Não contente com as acusações contra Juca Ferreira, a senadora petista acionou a verborragia na direção de alguns “companheiros” de legenda, como, por exemplo, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, e Rui Falcão, presidente nacional do PT. Sobre o chefe da Casa Civil, Marta Suplicy chamou-o de inimigo de Lula, o que não é novidade para quem acompanha com doses de atenção o cotidiano da política nacional.

Em relação a Rui Falcão, a senadora afirmou que o petista traiu o projeto político do partido. O que também é do conhecimento de muitos que frequentam as coxias do poder. Na verdade, Falcão abriu terreno para Dilma Rousseff concorrer à reeleição, contrariando o acordo entre a presidente e seu antecessor, o lobista Lula, que dava ao ex-metalúrgico o direito de ser o candidato do partido na corrida presidencial de 2014.

Com a cúpula do PT visivelmente incomodada com o despautério de Marta Suplicy e com o governo petista diante de tremenda saia justa, coube ao Palácio do Planalto dar o troco à altura e quase que imediatamente. Nesta terça-feira (13), a CGU informou que Marta também teve problemas no comando do Ministério da Cultura, conforme mostra matéria do jornal “Folha de S. Paulo”. De acordo com os jornalistas Aguirre Talento e Juliana Gragnani, uma auditoria da CGU “sobre o ano de 2013 apontou falhas nas ações de fiscalização do ministério”.

“Até mesmo o convênio criticado por Marta na gestão Juca, entre a Cinemateca e a Sociedade Amigos da Cinemateca, não foi fiscalizado pela gestão da petista”, afirmam os jornalistas da Folha.

Esse tiroteio que contrapõe Marta Suplicy, Juca Ferreira e o governo de Dilma Rousseff e o staff do Partido dos Trabalhadores tem todos os ingredientes para acabar mal. Mas não se deve descartar a possibilidade de o imbróglio terminar em uma enorme pizza, cuja massa será preparada pela turma do “deixa disso”, sempre acionada quando o fogo amigo entra em cena.

O mais interessante nessa história é que Marta Suplicy tinha conhecimento das irregularidades no contrato da Cinemateca desde 2013, mas só agora decidiu denunciá-las. Isso porque seus interesses político-eleitorais são mais importantes neste momento. De igual modo, o governo petista de Dilma, por meio da Controladoria-Geral da União, não tomou qualquer providência diante das irregularidades cometidas por Juca Ferreira no contrato da Cinemateca e das falhas de fiscalização da gestão de Marta Suplicy. Resumindo, trigo moído da mesma embalagem.

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