Sob forte pressão, governo deve anunciar pacote de concessões de infraestrutura em até dez dias

dilma_rousseff_481Jogo de cena – Está previsto, para no máximo dez dias, o anúncio, por parte da presidente Dilma Rousseff, de um novo pacote de concessões no setor de infraestrutura. O anúncio deve ser feito antes da viagem que a presidente fará à Europa para as comemorações do aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

As privatizações foram discutidas por Dilma e por treze ministros durante encontro no Palácio da Alvorada, no último sábado (25). Na reunião, os ministros apresentaram à presidente e a toda equipe econômica a relação dos projetos com demanda do setor privado. De acordo com interlocutores, ficou acertado que o governo anunciará, no prazo estipulado, o programa das concessões dentro das necessidades do ajuste fiscal.

Nesse processo, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, terá a palavra final. Na reunião, Levy afirmou que não há dinheiro disponível do Tesouro e que os financiamentos dos bancos públicos na nova rodada de privatização serão menores. Segundo uma fonte, não haverá negociação direta entre os interessados nos leilões e o BNDES, por exemplo, e tudo passará pelo crivo da equipe econômica.

O primeiro pacote a ser anunciado deve ser o de concessões de quatro rodovias, de parte da ferrovia Norte-Sul e de três aeroportos (Salvador, Florianópolis e Porto Alegre). A maior parte desses projetos está na gaveta do governo desde 2014. As quatro rodovias em são: BR-163/230 (MT/PA), BR-364/060 (MT/GO), BR-476/153/282/480 (PR/SC) e BR-364 (GO/MG).

Dilma pretende fazer lançamentos enquanto os projetos forem sendo estruturados, entretanto não quer anúncios tão picotados que reduzam demais o volume de investimentos. Segundo um interlocutor que participou do encontro, foi constante o questionamento sobre a disponibilidade de recursos do governo para financiar projetos em infraestrutura. “Analisou-se qual o porcentual que nosso sistema vai poder financiar, porque antes o BNDES financiava tudo, mas estamos em um outro momento”, afirmou.

A reunião durou mais de dez horas, no entanto, a lista de assuntos foi tão extensa que não houve tempo para discutir projetos portuários no encontro. A pauta ficou concentrada em transportes e energia elétrica. Nos próximos dias nova reunião será convocada com a mesma agenda de investimentos.

Como já havia sido informado pelo UCHO.INFO, o encontro ministerial se deu por etapas, com discussões temáticas. Três ministros (Aloizio Mercadante, da Casa Civil; Nelson Barbosa, do Planejamento; e Joaquim Levy, da Fazenda) e representantes dos três bancos federais – Banco do Brasil, Caixa e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – participaram de todas as conversas. Esse é o grupo responsável pela análise da viabilidade econômica das propostas apresentadas.

De acordo com o Palácio do Planalto, a reunião foi “inconclusiva”, por isso, a presidente retomará os encontros, porém de forma mais individualizada. Haverá uma reunião para tratar apenas de investimentos em rodovias, outra de aeroportos, e assim sucessivamente. (Por Danielle Cabral Távora)

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