Recessão no Brasil derrubará crescimento global; país terá o pior PIB entre as principais economias

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De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em sua atualização do relatório Panorama Econômico Global, divulgada nesta terça-feira, 19, a recessão no Brasil será um dos principais fatores para o desempenho abaixo do esperado que a economia global deve ter em 2016.

O Fundo reduz a expansão mundial neste ano para 3,4%, 0,2 ponto percentual a menos que nas projeções de outubro.

No caso do Brasil, o corte foi bem mais acentuado. Segundo o FMI, a economia do país recuará 3,5% neste ano, baixa de 2,5 pontos percentuais em relação a 2015.

Vale destacar que a esperança de retomada do crescimento brasileiro, que nas previsões de outubro do FMI aconteceria em 2017, foi adiada para 2018, provável último ano do governo Dilma Rousseff.

Para 2017, o Fundo estima que o Brasil sairá do vermelho, mas terá expansão zero, uma piora de 2,3 pontos percentuais em relação à previsão de outubro.

Dos 16 países que compõem a tabela incluída no relatório, o Brasil é o que tem o pior desempenho projetado para este ano. O país é citado como destaque negativo também numa entrevista do economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, divulgada junto com o relatório.

“A principal mensagem desta atualização, especialmente se comparada com as anteriores, é a queda consistente na expectativa de crescimento”, ressalta Obstfeld ao justificar o corte na projeção global.


Grande parte disso se deve ao fraco desempenho das economias em desenvolvimento, responsáveis por mais de 70% do crescimento mundial. As estimativas de expansão do PIB global foram reduzidas em 0,2 ponto percentual tanto para 2016 (para 3,4%) quanto para 2017 (para 3,6%).

“Tais revisões refletem em grande medida, mas não exclusivamente, uma recuperação mais fraca nas economias emergentes do que fora projetado em outubro. Em termos de composição por país, as revisões se devem em grande parte ao Brasil, onde a recessão causada pela incerteza política, em meio à contínua crise das investigações na Petrobras, está se mostrando mais profunda e prolongada do que se esperava”, revela o Fundo.

Entre os outros fatores para o corte nas previsões de crescimento global, o relatório cita os baixos preços do petróleo, que atingem as economias do Oriente Médio, a recuperação mais lenta da economia americana e a alta dos juros nos Estados Unidos, além da desaceleração da China, em meio ao “rebalanceamento” pelo qual passa o país asiático.

Embora reconheça a incerteza que esse processo gera na economia mundial, sobretudo pela dificuldade dos mercados em interpretá-lo, o FMI considera que a China segue a transição conforme o que foi planejado pelas autoridades do país, com menos ênfase em investimentos e mais em consumo e no setor de serviços. Desta forma, o relatório manteve inalteradas suas projeções para o crescimento chinês em 2016 (6,3%) e 2017 (6%).

Nesta terça, as autoridades de Pequim anunciaram que o PIB chinês avançou 6,9% no ano passado. O resultado ficou dentro da meta do governo, mas foi o pior desde 1990.

“O crescimento na China evolui conforme planejado, mas com uma desaceleração em importação e exportação mais rápida que o esperado, em parte refletindo o enfraquecimento do investimento e da atividade industrial”, diz o estudo. “Tais desdobramentos, juntamente com a preocupação sobre o futuro desempenho da economia chinesa, estão causando contágios em outras economias por meio dos canais de comércio e dos preços mais baixos das commodities, assim como da confiança em baixa e a volatilidade crescente nos mercados financeiros”.

O FMI prevê que os Estados Unidos, a maior economia do mundo, crescerão 2,6% em 2016, mais que os 2,5% de 2015, mas 0,2 ponto percentual a menos que a projeção de outubro. Para 2017, os EUA devem repetir a mesma taxa de expansão, diz o relatório. A economia americana continua “resiliente”, mas tem alguns entraves, como a alta do dólar, que prejudica setores da indústria.

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