Lava-Jato: nova delação premiada joga a Operação Pixuleco II no colo de Gleisi Hoffmann

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A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) está a viver seus piores pesadelos. A Justiça acaba de homologar a delação premiada do ex-vereador Alexandre Romano, o Chambinho, testemunha-chave de um esquema de corrupção no Ministério do Planejamento à época em que o também petista Paulo Bernardo da Silva, marido de Gleisi Hoffmann, era o titular da pasta.

Chambinho, que contará à força-tarefa tudo o que sabe sobre os crimes que originaram a Operação Pixuleco II, 18ª fase da Operação Lava-Jato, deve colocar no colo de Gleisi um esquema que rendeu pelo menos R$ 53 milhões, dos quais R$ 8 milhões foram parar na conta do advogado da senadora, o petista Guilherme Gonçalves. A Polícia Federal suspeita que esses recursos representam o “pixuleco” que deveria ser repassado ao casal Gleisi e Paulo Bernardo, através de um esquema de triangulação com o advogado.

Documentos apreendidos pela PF no escritório do advogado de Gleisi, em Curitiba, revelam que uma relação muito incomum entre advogado e cliente começou a ocorrer depois do esquema investigado pela Pixuleco II. O advogado passou a pagar as contas da cliente em lugar de ser remunerado por ela. O juiz federal Sérgio Moro, por determinação do STF, que acolheu recurso impetrado pelos advogados da senadora, suspendeu as investigações da “Pixuleco II” e encaminhou o processo à Corte, que redistribuiu o caso para uma instância de São Paulo. Gleisi, que apostava na estagnação do caso, foi surpreendida com a decisão do ex-vereador Chambinho de fazer delação premiada.

A “Pixuleco II” revelou um esquema criminoso de pagamento de propinas dentro do Ministério do Planejamento. Segundo os investigadores, mais de R$ 50 milhões foram desviados de um contrato para fornecimento de crédito consignado a servidores federais. O esquema teria sido operado por pessoas ligadas ao PT, entre as quais Alexandre Romano, preso durante a operação. O contrato foi assinado pela empresa Consist durante a gestão de Paulo Bernardo, em 2010.


Para Moro, há indícios de que “parte expressiva da remuneração da Consist foi repassada, por solicitação de Alexandre Romano, ao advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, que, por sua vez, utilizou esses mesmos recursos para pagamentos associados à senadora Gleisi Hoffmann”.

De acordo com a PF, parte dos recursos desviados era pago ao escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, que prestou serviço para a campanha de Gleise nas últimas eleições. Documentos apreendidos pela PF “indicam que os valores recebidos da Consist teriam sido em parte utilizados para efetuar pagamentos em favor da Senadora Gleisi Hoffmann”.

Uma das planilhas apreendidas no escritório de advocacia comprovaria a operação. O documento, de fevereiro de 2015, revela que o “Fundo Consist” — denominação usada para identificar o pagamento de valores ilícitos — apresentava um crédito de R$ 50.078,00, em favor da senadora e de pessoas. Em um dos lançamentos de débito consta a anotação “salário motorista – cheque 828”, enquanto no outro, “Diversos PT, PB, Gleisi”.

Segundo a PF, o motorista da petista, Hernany Mascarenhas, foi pago com dinheiro desviado do Ministério do Planejamento. Em outro documento apreendido consta anotação do pagamento de R$ 50 mil em honorários pela Consist ao escritório do advogado em 29 de setembro de 2011. O pagamento teria sido acertado com o ex-ministro Paulo Bernardo, “que ficaria com todo o montante”, de acordo com os investigadores.

Além de ser a principal estrela da Pixuleco II, Gleisi já está gravemente envolvida na Lava-Jato por conta das delações do doleiro Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que a denunciaram como receptora de R$ 1 milhão do esquema de corrupção que ficou conhecido como Petrolão.

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