Bélgica continua perdendo de lavada a guerra para os terroristas do “Estado Islâmico”

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Quando ocorreu o atentado ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015, as autoridades da União Europeia apostaram na tese de que os terroristas simpatizantes do “Estado Islâmico” eram “lobos solitários”. Dez meses mais tarde, em 13 de novembro do ano passado, atentados em Paris mostraram que os terroristas agiram de forma organizada, em grupo e com muita preparação. Ou seja, a tese anterior foi pelo ralo.

Não obstante, as autoridades europeias passaram a tratar as ameaças terroristas sem a atenção necessária que um tema como esse exige. Afinal, não se pode confiar em quem usa a fé para matar em série. Além dos terroristas que morreram nos atentados porque acionaram coletes com explosivos nos locais da tragédia, alguns foram presos na sequência, enquanto outros ficaram foragidos por muito tempo. Na última semana, autoridades belgas conseguiram prender Salah Abdeslam, um dos mentores dos ataques em Paris e que era considerado foragido.

A Bélgica, como se sabe, é sede da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas ao mesmo tempo abriga em seu território, em especial na região de Bruxelas, a capital, uma considerável comunidade muçulmana, de onde surgem os simpatizantes da causa criminosa do “Estado Islâmico”.

Durante quatro meses, até ser preso na última semana, Salah Abdeslam permaneceu no bairro Molenbeek, cuja população é de maioria islâmica. A ousadia de Abdeslam permitiu que ele estivesse a menos de dez minutos da casa da mãe. O terrorista só foi preso a partir de um pedido anormal de pizzas. O que mostra o despreparo do serviço de inteligência belga, que foi incapaz de localizar Abdeslam com antecedência.


Contudo, outros fatos colaboram que a Bélgica seja um barril de pólvora quando o assunto é “Estado Islâmico”. No mapa dos estrangeiros que aderiram ao “Estado Islâmico” e cerram fileiras no grupo terrorista, o maior contingente é de belgas, com ascendência muçulmana ou não. Motivo mais que suficiente para que ao serviço de inteligência belga fosse mais competente e atuante. No momento em que um terrorista caçado em todo o planeta passa quatro meses debaixo dos olhos das autoridades sem ser molestado, é porque há algo errado no front de combate ao terrorismo.

Outro fato preponderante é a burocracia burra que existe em toda a Bélgica, país que tem como idiomas oficiais o francês e o holandês, sem contar o flamengo (holandês falado no território belga). Acontece que autoridades policiais que falam apenas o francês são deslocadas para trabalhar em regiões onde o idioma predominante é o holandês, e vice-versa. Sem contar o conflito de jurisdição que atrasa ou impede uma série de investigações e ações policiais.

Em relação aos atentados de terça-feira (22) em Bruxelas, onde mais de 30 foram mortas nos ataques terroristas e 230 permanecem feridas, o máximo que as autoridades conseguiram até agora é identificar dois supostos responsáveis pelas ações criminosas e que as mesmas foram planejadas com antecedência. Ora, se as ações dos terroristas foram planejadas com tempo, significa que as autoridades belgas erraram mais uma vez. No que se refere à identificação dos supostos responsáveis, que até então não foram presos, é preciso que a polícia e o serviço de inteligência do país europeu aja com rapidez e antecedência, evitando a perpetração de atentados como os que abalaram o planeta.

O mais curioso nessa dramática epopeia é que os países-membros da União Europeia, que têm seus respectivos representantes em Bruxelas, ainda não chegaram à conclusão que é preciso ajudar as autoridades da Bélgica no combate ao terrorismo, antes que essa porção do planeta vá pelos ares.

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