Radiografia da caótica economia brasileira mostra que retorno de Dilma consumaria o desastre

crise_1010

Mesmo com um cenário extremamente difícil e de quase impossível reversão, a tropa de choque de Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment, que funciona no Senado, trabalha para disseminar a tese de que não houve crime de responsabilidade por parte da presidente afastada.

Pedaladas fiscais e decretos não autorizados à parte, a tendência de afastamento definitivo da petista encontrará respaldo na gravíssima econômica, mesmo que o tema não faça parte do pedido de impedimento. E um eventual retorno de Dilma acirraria ainda mais uma crise que parece não ter fim.

Para compreender o perigo que representaria a volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto basta analisar com atenção os detalhes que compõem o cenário econômico atual. Sob o comando de Ilan Goldfajn, o Banco Central tem reforçado o compromisso de levar a inflação ao centro da meta oficial, contudo sem especificar quando isso acontecerá. No contraponto, os economistas, segundo o Boletim Focus, mantiveram em 5,50% o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do próximo ano. Já para 2016, a expectativa de inflação saltou de 7,25% para 7,29%.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas preveem, para 2016, retração de 3,44%, enquanto que para o próximo ano a projeção é de crescimento de 1%, aposta que é considerada por alguns analistas como audaciosa.

Em outro vértice da crise está a questão das taxas de juro bancário e o índice de inadimplência. A taxa média de juro cobrada pelos bancos e a inadimplência das operações bancárias com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDES) retomaram a curva de alta em maio, batendo novo recorde da série histórica do Banco Central, iniciada em março de 2011.


De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (27), as taxas médias de juros cresceram 0,2 ponto percentual em maio, para 52,3% ao ano – uma das maiores do planeta. A inadimplência nas operações bancárias, para pessoas físicas e jurídicas, atingiu o patamar de 5,9% em maio. Em ambos os casos, são as maiores taxas em mais de cinco anos. A elevação da inadimplência de empresas e famílias acontece na esteira da forte recessão que marca a economia brasileira no momento.

O cenário mostra-se ainda mais preocupante quando analisada a inadimplência das empresas, que em maio registrou alta de 13%, na comparação com mesmo mês do ano passado. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O volume de dívidas de pessoas jurídicas em atraso teve aumento ainda maior em maio – na comparação com o mesmo período de 2015 – com alta de 16,21%.

Depois do fechamento de empresas em diversos setores, agora é a vez do varejo de alimentos baixar as portas. De janeiro a abril deste ano, 14,3 mil pontos de venda de alimentos no varejo não resistiram à crise, informa estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O segmento é composto por hipermercados, supermercados e mercadinhos e os pontos de venda de produtos alimentícios, bebidas e fumo – não inclui bares e restaurantes.

O número de empresas desse setor que encerraram as atividades corresponde a quase 12 mil estabelecimentos a mais do que o registrado no mesmo período de 2015 (quando foram encerrados 2,4 mil pontos de venda), ou seja, alta de aproximadamente 600%. De acordo com a CNC, o fechamento dos mencionados 14,3 mil pontos de venda de alimentos no varejo resultou em corte de 29,7 mil vagas formais de emprego no período.

apoio_04