Situação do marido de Gleisi piora; senadora não se explica e insiste em devaneios esquerdistas

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A Polícia Federal voltou a acusar o marido da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), o ex-ministro Paulo Bernardo, de ter “obtido vantagens indevidas” ao participar de esquema que lesou em R$ 100 milhões servidores federais aposentados que recorreram ao empréstimo consignado. Parte dessas “vantagens” acabou pagando despesas pessoais de Gleisi, como o salário do seu motorista. Por conta desse enrosco, Paulo Bernardo já passou uma temporada preso e só está solto por decisão muito controversa do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Qualquer pessoa pública, atingida por grave acusação criminal, em que o cônjuge é o principal acusado e ela aparece como beneficiária, estaria tentando se explicar para seus eleitores. Gleisi é diferente. Uma rápida checagem em suas postagens no Facebook permite perceber que a senadora está a viver em uma realidade paralela.

Os temas da rede social falam por si: louvação as “filosofices” esquerdistas do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica em palestra em Curitiba (o maior feito desse grande ‘estadista’ foi a liberação da maconha); convocação para uma “marcha contra o golpe”; críticas à nova gestão da Caixa Econômica Federal, transformada pelo PT em um antro de corrupção e está sendo saneada; apoio a Hillary Clinton; ataque a Michel Temer; elogios ao ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, e por aí vai. Nenhuma palavra sobre Paulo Bernardo e seus entreveros com a Justiça.

Por mais que Gleisi tente ignorar o tema doméstico-policial, a situação de Paulo Bernardo, e dela própria, é cada vez mais complicada. Investigados pela Operação Custo Brasil, da Polícia Federal, o casal é acusado pela PF de obter “vantagens” relacionadas ao contrato de empréstimos consignados firmado em sua gestão, em 2010. A PF indiciou criminalmente Paulo Bernardo por “integrar organização criminosa” e por corrupção passiva.

“Independentemente se a vantagem for de caráter partidário ou pessoal, Paulo Bernardo obteve vantagens relacionadas ao contrato”, destaca um trecho do relatório encaminhado à Justiça Federal, agora sob análise da Procuradoria da República em São Paulo.

No inquérito da Custo Brasil a PF indiciou 22 suspeitos de envolvimento no esquema Consist, empresa de software contratada pela Associação Brasileira de Bancos Comerciais e pelo Sindicato das Entidades de Previdência Privada para administrar consignados de milhões de servidores públicos – as entidades firmaram Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério do Planejamento.

O relatório informa que as propinas “superam R$ 102 milhões” apenas no âmbito do esquema Consist. A PF indica “risco à ordem econômica” por causa da fraude com empréstimos consignados – a empresa teria cobrado dos servidores uma taxa de administração em valor quatro vezes maior que o de mercado.


O relatório da PF aborda versão da defesa do ex-ministro e de outros investigados de que o governo não sofreu prejuízo por ter havido apenas ‘relações entre empresas privadas, não havendo ganho de patrimônio pessoal”.

“Há evidências suficientes de que houve vantagens decorrentes da contratação da Consist”, acentua a PF. “Vantagens para agentes políticos do PT com influência no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.” A PF diz que propinas tiveram origem “em decorrência da contratação da Consist”.

Também foi indiciado o advogado Guilherme Gonçalves, estabelecido em Curitiba. A investigação aponta suposto repasse de R$ 7,1 milhões da Consist para o escritório de Gonçalves que teria sido usado como trânsito para destinação do montante a Paulo Bernardo. O escritório de Gonçalves atua em demandas de cunho eleitoral para o PT e para a senadora Gleisi.

Gleisi é alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal por sua campanha de 2010 supostamente ter sido abastecida com R$ 1 milhão do esquema de propinas instalado na Petrobras, segundo a Operação Lava-Jato.

“Guilherme Gonçalves só foi contratado pela Consist por ser advogado de Paulo Bernardo”, sustenta o relatório da Custo Brasil. “Os serviços prestados por Guilherme Gonçalves à Consist não correspondem aos valores por ele recebidos.”

A PF sustenta que enquadrou Paulo Bernardo e mais 17 “por integrarem organização criminosa voltada para a obtenção de vantagem econômica para fins pessoais ou partidário decorrentes da Celebração e Manutenção do Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério do Planejamento e ABBC/SINAPP, mediante o pagamento indevido de agentes públicos e políticos”.

Entre os 17 que acompanham Paulo Bernardo no mencionado trecho do relatório estão João Vaccari Neto e Paulo Adalberto Alves Ferreira, ex-tesoureiros do PT; os irmãos lobistas Milton Pascovitch e José Adolfo Pascovitch; e o advogado Alexandre Romano, conhecido como “Chambinho”. Todos indiciados também por corrupção passiva “por terem recebido para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, mas em razão dela, vantagem indevida”.

A PF destaca que a propina no âmbito dos consignados foi oferecida a Paulo Bernardo “mediante a intermediação de Alexandre Romano e Guilherme Gonçalves para que o Acordo de Cooperação Técnica fosse celebrado”.

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