Operação Zelotes: Lula, o alarife, é denunciado por tráfico de influência no caso dos caças suecos Gripen

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Neste 9 de novembro, Dia Internacional de Combate à Corrupção, Luiz Inácio da Silva, “a viva alma mais honesta deste país”, foi denunciado à Justiça, no escopo da Operação Zelotes, pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A acusação, formulada pelo Ministério Público Federal, alcança também Luis Cláudio Lula da Silva, filho do dramaturgo do Petrolão, além dos lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, donos da empresa Marcondes e Mautoni, que contratou serviços de marketing esportivo do gênio caçula do clã Lula da Silva.

O quarteto foi denunciado por “negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627”.

Trata-se da quarta denúncia criminal contra Lula, que já foi acusado pelo MPF por obstrução à Justiça, no caso de tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras e preso na Operação lava-Jato. O petista também foi denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção no caso do triplex do Guarujá.

Fora isso, pesa sobre o ex-presidente a acusação de tráfico de influência em empreendimento da Odebrecht em Angola, na Operação Janus, que envolve o sobrinho de sua primeira esposa, o qual deixou uma empresa de fechamento de varandas de apartamentos na cidade de Santos para tornar-se responsável pelas obras de modernização e ampliação de uma usina hidrelétrica em Angola.

Na denúncia divulgada nesta sexta-feira (9), a Procuradoria da República afirma que os crimes foram praticados entre 2013 e 2015, quando Lula, já ex-presidente, “integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas MMC, grupo Caoa e SAAB, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia LTDA (M&M)”.

Em troca, destaca a denúncia do MPF, Mauro e Cristina, donos da M&M, repassaram a Luis Cláudio pouco mais de R$ 2,5 milhões, operação que foi camuflada com a já mencionada contratação de serviços de marketing esportivo. No documento, de 154 páginas, os procuradores federais Hebert Mesquita, Frederico Paiva e Anselmo Lopes detalham a atuação dos investigados em dois fatos a partir de “uma relação triangular”.


“Um dos vértices era formado pelos clientes da M&M – que aceitaram pagar cifras milionárias por acreditar na promessa de que poderiam obter vantagens do governo federal – outra, pelos intermediários (Mauro, Cristina e Lula) e a terceira, pelo agente público que poderia tomar as decisões que beneficiariam os primeiros, a então presidente da República Dilma Rousseff. Durante as investigações, não foram encontrados indícios de que a presidente tivesse conhecimento do esquema criminoso”, ressalta a denúncia.

Em depoimento prestado à Justiça Federal, em março deste ano, o lobista Mauro Marcondes Machado, réu em ação penal que trata do suposto esquema de “compra” de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos, manteve-se em silêncio quando questionado sobre pagamentos de R$ 2,5 milhões feitos ao empresário Luís Cláudio Lula da Silva, o Luleco.

Questionado sobre o escândalo pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, Marcondes Machado foi orientado pelo criminalista Roberto Podval – é advogado de José Dirceu – para não responder às perguntas do magistrado, sob a alegação de que o assunto não é mencionado na denúncia que originou a ação.

Desde então, o MPF e a Polícia Federal suspeitavam que os valores tinham ligação com a edição das medidas provisórias e também com a compra, pelo governo do PT, dos caças suecos Gripen, que reaparelharão a frota da Força Aérea Brasileira (FAB).

Em matéria publicada em 21 de novembro de 2014, o UCHO.INFO afirmou que em 24 de outubro daquele ano, dois dias antes do segundo turno da eleição presidencial, o governo brasileiro assinou um contrato bilionário com a empresa sueca Saab, com o objetivo de renovar a frota de supersônicos da Força Aérea Brasileira, que aposentou os obsoletos Mirage.

Na mesma matéria jornalística, este portal afirmou: “A questão maior e mais preocupante não está apenas no universo do valor do negócio, mas na forma como o contrato foi assinado e quando. Muito estranhamente, antes da assinatura do contrato com a Saab, uma pessoa que goza da estrita confiança dos atuais inquilinos do Palácio do Planalto foi a Estocolmo para acertar detalhes do contrato. Alvo de investigações passadas da Polícia Federal, o emissário pode ser abatido em pleno voo, muito antes de os Gripen saírem das pranchetas suecas”.

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