Lava-Jato: Sérgio Cabral é condenado a mais de 14 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro

Se o castelo putrefato de Sérgio Cabral Filho, ex-governador do Rio de Janeiro, já estava comprometido pelas rachaduras provocadas pelos abalos da corrupção, a implosão de seu império bandoleiro começou nesta terça-feira (13), com a condenaçã imposta pelo juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato.

Comandante de um esquema de corrupção que saqueou os cofres fluminenses de forma acintosa, Cabral Filho foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão, além de pagamento de multa de R$ 528 mil, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Também foram condenados Wilson Carlos Carvalho, ex-secretário de governo de Cabral, a dez anos e oito meses de prisão, e o operador Carlos Emanuel Miranda, que cumprirá 12 anos de reclusão. A mulher do ex-governador, a advogada Adriana Ancelmo, e a do ex-secretário, Mônica Carvalho, foram absolvidas.

Ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez, Clóvis Peixoto e Rogério Nora também figuravam na ação como réus, mas em virtude de acordo de colaboração premiada o processo contra ambos foi suspenso.


Essa é a primeira condenação de Cabral no âmbito da Lava-Jato, sendo que o ex-governador é réu em mais nove ações penais. Além da prisão e da multa, o juiz Sérgio Moro determinou o confisco de bens no valor de R$ 6,7 milhões, cifra que corresponde aos valores recebidos de forma ilícita, consideradas as devidas correções desde outubro de 2008.

Preso desde novembro de 2016, no rastro da Operação Calicute, Cabral Filho é acusado de ter recebido R$ 2,7 milhões em propina pelo contrato de terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), firmado entre a Petrobras e a Andrade Gutierrez.

De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), Cabral solicitou pagamento durante reunião no Palácio da Guanabara, em 2008. Carvalho e Miranda teriam participado das negociações para o recebimento dos valores. Mais tarde, o ex-governador e sua mulher usaram o dinheiro na compra de artigos de luxo, como roupas de grife, móveis de alto valor e blindagem de carros.

Na decisão, Moro afirmou que os crimes cometidos por Sérgio Cabral inserem-se em um “contexto mais amplo”, de cobrança automática de propina “sobre toda obra pública no Estado do Rio de Janeiro”.

“A responsabilidade de um governador de Estado é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crimes. Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio”, destacou o juiz da Lava-Jato.

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