Afundando no Petrolão, Gleisi acusa Moro e Dallagnol de usar processo contra Lula para ganhar dinheiro

Ré por corrupção, juntamente com o marido – o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva – em processo da Operação Lava-Jato que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) mostrou mais uma vez o viés descompensado do seu raciocínio, algo que é reforçado pela sanha ideológica.

A petista, que aparece nas planilhas de propina da Odebrecht a reboque do sugestivo codinome “Amante”, subiu à tribuna do plenário do Senado na quarta-feira (21) para acusar o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dellagnol de estarem “fazendo um conluio” com o mercado para “ferrar o povo brasileiro”, usando o processo em que é réu ex-presidente Lula para “fazer dinheiro” com palestras ao preço de R$ 30 mil a R$ 40 mil.

A própria Gleisi Helena é acusada de receber propina de R$ 1 milhão, dinheiro originário do esquema criminoso como Petrolão, enquanto seu, Paulo Bernardo, é acusado de chefiar uma quadrilha que subtraiu pouco mais R$ 100 milhões de servidores federais e aposentados que recorreram a empréstimos consignados por meio do sistema Consist.

Às vésperas da sentença judicial no âmbito da ação penal que tem na ementa o polemico apartamento no Guarujá, no litoral paulista, Gleisi acusou o juiz da Lava-Jato de cercear o acesso de Lula ao inquérito até dois dias antes do fim do prazo processual. Não obstante, a senadora, em mais um devaneio de encomenda, leu no plenário a ridícula versão da defesa do ex-presidente, de que o apartamento pertence a um fundo da Caixa Econômica Federal.

No pronunciamento, Gleisi Helena afirmou que os inquéritos contra o Lula viraram “um produto vendável, comercial, enredo de filme” e produto de palestras em que juízes e procuradores cobram dinheiro para falar até mesmo em eventos de cirurgia plástica.

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Esse discurso rasteiro e insosso é a repetição de descabido artigo de autoria dos defensores de Lula, os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, publicado no jornal “Folha de S. Paulo”. Como se não bastasse sua indigência intelectual, Gleisi disse ser o processo da Lava-Jato uma safadeza.

Olhando bem para as câmeras do plenário, em tom ameaçador, Gleisi mandou um recado direto para Moro e Dallagnol: “Então, juiz Sérgio Moro, então, Dr. Dellagnol, que estão ganhando dinheiro, inclusive, em cima do processo da Lava-Jato, é vergonhoso cobrar R$ 30, R$ 40 mil para uma palestra, para ir lá falar de coisas que não existem, de provas que não existem, falar do processo da Lava-Jato, tenham decência! Tenham decência! Não colaborem, não, para acabar com a democracia brasileira. Façam o papel de vocês: devido processo legal, com base na lei, com base no direito. É assim que tem que se fazer!”

E a petista paranaense mandou um aviso a Moro, caso Lula venha ser condenado e impedido de disputar a eleição em 2018: os aliados do petista não admitirão tal situação. A senadora disse que não poderia sair do Senado hoje sem fazer esse pronunciamento, para dizer que o destino do Brasil está “muito involucrado”, envolvido com o destino do Presidente Lula.

“Deixo claro aqui para o Brasil e o mundo que nós não vamos admitir. Uma eleição sem Lula é fraude” avisou Gleisi. “O presidente Lula representa o povo deste país, gostem vocês ou não”, emendou a presidente nacional do PT.

Para Gleisi Helena, se o juiz Sérgio Moro der uma sentença dizendo que o Lula é culpado, sem provas, estará tendo uma decisão política de impedir o ex-presidente Lula de civilmente exercer os seus direitos políticos. “Nós não vamos ficar quietos, nós vamos denunciar isso para o mundo. Não vamos aceitar fraude eleitoral, não vamos aceitar!”.

Barrar a candidatura de Lula, segundo Gleisi, faz parte de um conluio de Moro e Dallagnol para “ferrar o povo brasileiro”. Procurado, Sérgio Moro afirmou que “não cabe a juiz responder a afirmações de réus por crimes de corrupção”.

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