Alckmin e DEM ensaiam aliança para 2018, mas ignoram possibilidade de ter o PMDB na oposição

Governador do mais importante estado da federação, o tucano Geraldo Alckmin parece estar com pressa para definir sua candidatura à Presidência da República em 2018. Enquanto seu possível concorrente, o prefeito João Doria, faz um “Road Show” paulistano na China, Alckmin não perdeu tempo e tratou dar o primeiro alinhavo de uma possível parceria com o Democratas, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ).

Em jantar em São Paulo, na segunda-feira (24), Alckmin e caciques democratas não bateram o martelo sobre a corrida presidencial do próximo ano, mas modularam o discurso em relação ao presidente Michel Temer, que vive uma grave crise política desde a delação da JBS.

Tucanos paulistas e democratas de vários estados decidiram que continuarão apoiando o governo Temer, desde que este comprometa-se em dar continuidade às reformas no âmbito da economia. Como o presidente da República não tem outra saída, que não a de seguir em sua cruzada para promover mudanças para a retomada do crescimento econômico, o discurso tucano-democrata caiu no vazio.

Na verdade, o PSDB e o DEM precisam continuar não apenas apoiando o governo peemedebista, mas ocupando postos importantes na administração de Michel Temer, como forma de chegarem vivos eleitoralmente no próximo ano. Isso porque um possível desembarque do governo exigiria de ambos os partidos a permanência em uma zona de limbo no Congresso Nacional. O que não é positivo quando o objetivo é subir a rampa do Palácio do Planalto no primeiro dia de 2019.


Alckmin, que tem larga rodagem no comando do estado de São Paulo, parece que não percebeu que a política é um jogo pesado e bruto, no qual poucos têm destreza suficiente para posicionar-se no tabuleiro. Ao tentar cooptar o Democrata para uma eventual aliança, o governador paulista dá mostras de que está preocupado com o momento seguinte à era Temer. Não se sabe se Alckmin aposta em uma queda antecipada do presidente ou na conclusão do conturbado mandato.

A estratégia traçada por Alckmin e seus quejandos é impedir que Rodrigo Maia, se assumir a Presidência em eventual vacância do cargo, opte pela reeleição. Por enquanto, a situação de Michel Temer no escopo da primeira denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é considerada como tranquila, mas na política tudo pode acontecer a qualquer momento.

Mesmo trabalhando com um cenário pós-Temer, tucanos e democratas, que planejam ascender ao Palácio do Planalto de mãos dadas, não estão considerando um fato tão importante quanto perigoso. Um eventual governo tucano-democrata terá de enfrentar o PMDB na condição de oposição. Considerando que o PMDB é simultaneamente parasita e hospedeiro, Alckmin parece não ter noção do perigo.

Ademais, uma possível candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência seria o epílogo do PSDB, partido que resiste a se reinventar. Aliás, os tucanos perderam o protagonismo político – pífio, é bom lembrar – com a débâcle do partido dos Trabalhadores, com quem sempre rivalizaram, pelo menos diante das câmeras e microfones.

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