Nem mesmo inocentes acreditam no enredo rocambolesco sobre recibos de aluguel do apartamento de Lula

(Divulgação)

Como sempre abusando do exibicionismo e da fanfarronice jurídica, a defesa do ex-presidente Lula entregou ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, os recibos originais do aluguel do apartamento contíguo ao do petista. O imóvel é alvo de investigações no âmbito da Operação Lava-Jato, pois as autoridades afirmam que a propriedade pertence de fato ao ex-metalúrgico, fruto de propina paga pela Odebrecht em troca de oito contratos com a Petrobras.

O apartamento 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), está em nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso no escopo da Lava-Jato.

Apontado como “laranja” do petista, Costamarques disse em juízo, duas vezes, que até 2015 não havia recebido um só centavo pelo aluguel do imóvel, cujo contrato de locação estava em nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em fevereiro deste ano.

O advogado Cristiano Zanin Martins, que está na proa da defesa de Lula, disse em mais uma das suas histriônicas entrevistas que os recibos são “originais e idôneos”, o que não significa que isso seja verdade.

Zanin Martins tem a árdua missão de tentar provar a inocência de alguém que foi responsável pelo maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade, mas esse novo capítulo da epopeia criminosa envolvendo Lula é cheio de falhas.

Não obstante a declaração de Glaucos da Costamarques de que não recebeu os valores de aluguel entre fevereiro de 2011 e novembro de 2014, os recibos trazem erros de grafia e datas que não existem no calendário cristão. Ademais, os documentos foram assinados de uma só vez, quando Costamarques estava internado no Hospital Sírio-Libanês para a realização de cirurgia cardíaca.


A situação torna-se ainda mais complexa diante do fato de que o contador de Lula, João Leite, foi três vezes ao hospital no dia 11 de outubro de 2015. Essa insistência do staff bandoleiro de Lula em relação aos recibos de locação se deve ao fato de que José Carlos Bumlai fora preso dias antes. Preocupados com a possibilidade de Bumlai fazer acordo de delação, a defesa do petista correu para esculpir uma farsa.

Acreditar na versão da defesa de Lula para o imbróglio dos recibos é passar atestado de incompetência. Nas planilhas financeiras mensais recolhidas durante cumprimento de mandado de busca e apreensão no apartamento do ex-presidente não foram encontrados registros dos gastos da família Lula da Silva com o aluguel do apartamento.

Considerando que os alugueis mensais foram devidamente pagos, como afirma a defesa, Cristiano Zanin Martins precisa questionar seu cliente acerca da origem do dinheiro utilizado para tais pagamentos. Do alto da sua suposta genialidade, o advogado alega que Costamarques deveria ter movido ação judicial para cobrar os alugueis não recebidos. Pois bem, se isso não aconteceu é porque o dono de fato e de direito do apartamento é Lula.

Os recibos estão sob investigação, por iniciativa do Ministério Público Federal, o que é justificável, mas em breve os envolvidos nesse enredo criminoso hão de cair em contradição. Isso porque o script criado pela defesa não se sustenta.

Se Glaucos da Costamarques cumprir a promessa de que confirmará o que disse em depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro em 13 de setembro passado, Lula verá sua difícil situação piorar ainda mais. E estar-se-á diante de fraude processual, além de falsificação de documentos. Por outro lado, se Costamarques de fato recebeu os valores alegados pela defesa do petista, o primo de Bumlai terá incorrido no crime de falso testemunho.

Fato é que nesse episódio não há inocentes, pelo contrário. O Brasil espera que todos os culpados sejam punidos com o rigor da lei e enviados para uma temporada atrás das grades, ocasião em que poderão repensar as lambanças que protagonizaram e combinar melhor o discurso mentiroso que fermentou na seara da Lava-Jato.

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